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A Ambição de Midas

A Ambição de Midas

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Midas foi um antigo rei da Frígia, país cuja divindade principal era Baco (Dionísio), deus do vinho e da fertilidade.

 

Após Midas oferecer hospitalidade a Sileno, pobre mestre e pai de criação de Baco, por dez dias e entregá-lo ao deus no décimo primeiro, Baco lhe ofereceu um desejo a ser cumprido. Ambicioso, Midas pediu que tudo o que tocar se torne ouro. Pesaroso com tal pedido, o deus do vinho lhe concedeu o desejo. Sem querer esperar mais, Midas tocou um ramo de folhas que se tornou ouro imediatamente.

Claro, como se conhece pela lenda, não tardou para o rei da Frígia se arrepender de tal pedido: não conseguia se alimentar de nada e nem tomar qualquer bebida, pois tudo se tornava ouro em suas mãos.

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Arrependido e temeroso de morrer de inanição, Midas rogou a Baco que lhe tire tal poder maldito. O bondoso deus lhe concedeu este pedido, ordenando que ele se lave na fonte do rio Pactolo molhando cabeça e corpo, retirando as manchas da culpa e do castigo.

Como ordenado pelo deus, Midas seguiu o rio até encontrar a fonte. Sem tardar, lavou suas mãos. Logo que tocou as águas, elas se tornaram um grande depósito de ouro que dizem existir até hoje.

O rei Midas, purificado, decidiu sair dos grandes centros e viver no campo e ser um devoto do bucólico deus Pã.

Podemos ver em Midas a humanidade atual, cuja ambição parece não encontrar limites. As pessoas querem dinheiro muitas vezes apenas por querer, esquecendo que o ouro é apenas um instrumento de subsistência, de troca. Hoje, somos nada mais do que marionetes da economia, das finanças, do valor, enfim, “do vil ouro”. Os países não veem mais as reais necessidades do seu povo, fantasiando que a melhoria da economia de forma global vai resolver todos problemas – claro está que por trás de tal ideologia existe os “tubarões” que tudo devoram através de ações de corrupção. A atual cultura é transformar cada pessoa num movimentador de valores, seja através do consumo, seja através do empreendedorismo.

Ninguém mais pensa em melhorar como pessoa e desenvolver todas as possibilidades intrínsecas do Ser (verdadeira finalidade da vida), mas apenas a desenvolver suas capacidades de ganhar dinheiro.

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Uma pessoa se torna “autorrealizada” quando alcança grandes riquezas, uma pessoa milionária, bilionária. E o povo comum e corrente lhe devota todas as honras pelas suas conquistas e desejam imitar suas “obras”.

Interessante como Midas transforma até seu alimento em ouro. Desde o século XX vemos como cada vez mais até o alimento se tornou mero valor e não algo que a Mãe Natureza nos entregou para nossa sobrevivência. Quantos alimentos não são produzidos e deixados para estragar pelos agricultores para que tal alimento não perca seu valor de mercado? Quantas pessoas não morrem de inanição pelo mundo por simplesmente não ter dinheiro para o alimento mais básico? Realmente, tais agricultores AGRIdem essa Mãe bondosa ao deixar tal acontecer.

Empresas tomam a semente dos frutos e o transformam em uma aberração da natureza com os odiosos transgênicos (que não possuem a energia vital tão necessária ao corpo humano). E, como se não bastasse essa violência contra natura, ainda têm ganas de patentear tais sementes, como se elas tivessem tido a grande ideia de criar a própria SEMENTE, sendo somente misturas genéticas de algo que já existia. Chegamos ao absurdo de chegar a exigir que se pague licença de uso de uma semente… Tudo se tornando valor, dinheiro, ouro.

Baco é o deus da fertilidade, que é o mesmo que ser o deus da riqueza. Mas que riqueza? Ele dá o que lhe pedem, confere poder a quem souber trabalhar com suas forças (inerentes a todos). Todavia, o que a humanidade fez com tal poder? Caiu no mais absurdo materialismo, adoram ao “bezerro de ouro” – célebre símbolo encontrado no Antigo Testamento (Torah) – prosternam-se ante ao crime, à volúpia, à ambição, ao desejo, à própria destruição. Baco representa uma poderosa força que encontra em todos seres, desde a menor criatura até os corpos celestes.

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Mohamas “Mahatma” Gandhi, este sábio do século XX, já nos ensinou: “Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição.” Quiçá todos entendessem o significado de tal frase…

No fim, após “lavar-se nas águas” (que contém um significado oculto muito profundo para este artigo alcançar, assim como o significado do deus do vinho), Midas decidiu sair do rebuliço do centro urbano e viver nos grandes campos abertos e de forma humilde. Aqui há uma lição muito grande para todos nós: buscar o retorno aos campos, ao meio rural, saber plantar seu próprio alimento, entender como as estações do ano agem sobre a terra e sobre cada semente e, aos poucos, reaprender a viver em harmonia com a Natureza (e não contra), esta rainha a quem todos devíamos venerar e respeitar pelo que nos oferece. Esta é a única solução para os grandes problemas da humanidade hodierna: o retorno ao campo.

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