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As Catedrais Góticas – Parte I

As Catedrais Góticas – Parte I 

As Catedrais Góticas – Parte I.gnosis.brasil

A arte gótica até hoje maravilha todos os que param por um instante para observar as suas expressões nas inefáveis catedrais europeias. Em primeiro lugar, vale explicar o termo gótico: origina-se do idioma teutônico gottisch, cuja raiz, Gott, significa “Deus”. Portanto, o gótico se refere ao que é “divino”; portanto, é uma Arte Divina.

Talvez a mais bela expressão – senão, a mais famosa – é a Catedral de Notre-Dame de Paris (França), cujas esculturas, formas e conteúdos, são verdadeiras cátedras para a consciência. A Catedral é dedicada à Virgem Mãe. De muito valor vale citar o célebre escritor e alquimista Fulcanelli:

A catedral de Paris, assim como a maior parte das basílicas metropolitanas, foi posta sob a invocação da bem aventurada Virgem Maria ou Virgem Mãe. Na França, o povo chama essas igrejas de “Notre Dame”. Na Sicília, elas trazem um nome ainda mais expressivo, “Matrices”. São mesmo, portanto, templos dedicados à “Mãe” (latim: “Mate”, “matris”), à “Matrona”, no sentido primitivo, palavra que, por corrupção, se tornou “Madona” (italiano: Ma donna), “Minha Dama”, e por extensão, Notre Dame, Nossa Senhora.

Para adentrar aos Sagrados Mistérios das Catedrais, há que ser corajoso para lutar contra seus próprios demônios, representados pelos gárgulas de suas fachadas. Tais gárgulas assustam os incautos e os covardes. Todavia, há que passar por eles para encontrar a sabedoria e a beleza, que há tanto fora quanto dentro do santo lugar.

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Clara alegoria que nos ensina que é dentro de nossos diversos defeitos psicológicos, gnosticamente chamados de “Eus Psicológicos”, que encontramos as divinas virtudes do Ser, do Íntimo. É dentro de nossas iras, cobiças e orgulhos que encontramos nossas serenidades, desapego material e humildade. São incontáveis os “eus psicológicos”, assim como são incontáveis as virtudes ocultas do Real Ser Íntimo de cada um, todavia, luzes presas nas trevas.

Interessante a função de tais estátuas tenebrosas na construção: são decorações para canaletas por onde escorre a água da chuva. Podemos ver uma grande simbologia nisso: são nossos demônios interiores, os diversos “eus”, que desperdiçam nossas energias vitais, nossas águas da vida, que residem na nossa máquina humana, nos corpos físico e internos. Ai daquele que se ajoelha ou se amedronta diante dos diversos “eus” que carregamos em nosso mundo psicológico para satisfazer seus desejos e anseios: este lança para fora, assim, aquilo que é sua própria redenção! Quem nunca ficou com o corpo quente, cheio de calor, quando satisfez a vontade de um eu psicológico da ira? Energia desperdiçada…

Passando por tais perigos da ira, inveja, luxúria, cobiça, preguiça, gula, medo, orgulho etc. (combatendo-os e eliminando-os dentro de nós mesmos através da chamada Morte Psicológica), podemos ver o que uma Catedral é: ensinamentos de altíssimo nível para a nossa própria redenção, ou melhor dizendo, para a Autorrealização Íntima do Ser. Com a morte dos gárgulas interiores, liberamos a Consciência, que nos dá o entendimento correto, a emoção superior, a inteligência-sabedoria.

É impossível chegar a essa Autorrealização Íntima sem a Notre Dame interior, sem a nossa Divina Mãe particular; pois é na Igreja, nessa Mãe Divina de todos os tempos e de todas as épocas (seja Devaki na Índia, Afrodite na Grécia, Vesta em Roma, Inanna entre os sumerianos, Shekinah entre os cabalistas judeus, Coatlicue e Tonantzin entre os antigos povos pré-colombianos, Virgem Maria entre os católicos, Ram-Io para os gnósticos etc. etc. etc.), que há a divina concepção, o nascimento do Salvador Íntimo de cada um de nós. Ninguém chega à sua própria divinização sem a Divina Mãe, representada no mundo físico pelas Igrejas e Santuários de todos os tempos.

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Assim como nossa mãe física nos leva pela mão durante a vida até atingirmos maturidade suficiente para andarmos com nossos próprios pés, nossa Mãe Interior, essa bendita Mulher, também nos leva pela mão no caminho rumo à nossa própria Cristificação. Vale aclarar aqui que, para os gnósticos, Cristo não foi uma pessoa. Cristo é uma força cósmica (latente em nós, aqui e agora) e todo aquele que o encarna torna-se por direito um Cristo; assim, houve muitos Cristificados na história: Maomé, Babaji, Hermes Trismegistos, Krishna, Moisés, Quetzalcoatl etc., incluindo o Cristo Jesus, Mestre de Mestres. Portanto, um Cristo é um Mestre que encarnou seu Real Ser, seu Cristo Íntimo. Cristo é o deus solar das sagradas religiões personificado em heróis e salvadores.

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Ainda há muito o que falar sobre as cátedras ocultas de Notre-Dame de Paris, pois seus construtores, antigos iniciados nos Mistérios, não poupavam esforços para mostrar à humanidade, de forma artística e muda, os mistérios que residem dentro de cada pessoa. Como o grande alquimista Fulcanelli já havia dito, os templos góticos eram verdadeiros Mutus Liber, “Livros Mudos”.

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