Mistérios da Vida e da Morte

“O sendeiro da vida está formado pelas pegadas dos cascos do cavalo da morte” –  Samael Aun Weor

 tumba-egito_zps3bc3f168

A morte em si mesma é um dos maiores enigmas que temos na vida. A Gnosis como conhecimento dos grandes mistérios da natureza e do homem não poderia deixar de conter a explicação e estudo deste fenômeno.

Todo ser humano, desde cedo se espanta com a morte, pois para nossa mente muito presa às questões temporais torna-se difícil aceitar ou compreender que uma pessoa, por exemplo, um ente querido, simplesmente deixe de existir. É um acontecimento realmente transcendente, já que não se trata apenas de uma mudança da vida, mas realmente do fim da continuidade da mesma.

A Ciência Gnóstica nos ensina a ver a morte de uma maneira revolucionária. Tal como Sócrates e os antigos gregos falavam: ‘Devemos nos preparar para a morte todos os dias’. De que maneira? Estes mesmos grandes filósofos da Grécia antiga e também do antigo Egito ensinam que devemos ter uma vida sábia, ou seja, extrair ensinamentos de todos os eventos que nos ocorrem, pois quanto mais se compreende da ciência da vida, menos se teme a morte.

Ver o corpo de uma pessoa no ataúde não significa ter compreendido o mistério da morte. Samael Aun Weor, em seus livros, ministra amplas explicações sobre a morte. Primeiramente, devemos saber que este fenômeno só pode ser entendido, em realidade, com o auxílio da Metafísica. A Metafísica é a ciência que estuda o que está mais além dos limites da física tradicional, em outras palavras, dos fenômenos físicos tridimensionais.

Olhando o lado puramente físico da morte e, recorrendo aos conceitos tradicionais, sabemos que a morte é definida como a cessação das funções vitais do corpo físico. Mas será que é o fim de tudo? A natureza própria nos mostra que de todo fim surge um outro começo, como um ciclo, e assim é também com o ser humano.

corpos_zpsedc4d25e
Corpos sutis do homem

Ao estudarmos o homem de uma forma mais profunda, através da metafísica, percebemos que é um ser multidimensional, ou seja, não possui apenas um corpo físico, mas também outros corpos formados de matéria mais sutil, os quais estão localizados nas dimensões superiores da natureza e são normalmente invisíveis à visão comum. São eles: Corpo Vital, localizado na 4ª dimensão; Corpo Astral, localizado na 5ª dimensão inferior e Corpo Mental ou Mente, localizado na 5ª dimensão superior. Há ainda a parte espiritual do homem, a Essência, ou o que temos de Alma e também a parte mais obscura, o Ego, que é o conjunto de defeitos psicológicos, memórias inconscientes, o subconsciente.

egito-ka_zps2b376996
Inscrição para o KA Egípcio

Esta estrutura do ser humano que acabamos de expor, formada por 4 (quatro) corpos, não é novidade; está documentada na história constando nos livros de Paracelso. Também nos antigos textos egípcios, com os nomes de Múmia, Ka, Ba e Akh. Estes corpos também foram estudados na Teosofia por Helena P. Blavatsky, com os nomes de Sthula Sarira, Ligam Sarira, Kama e Manas Inferior. Tais corpos do ser humano normalmente, na vida diária, estão juntos, porém quando uma pessoa dorme profundamente ocorre algo chamado saída em astral ou viagem astral. Este acontecimento é muito estudado nos dias atuais e há milhares de pessoas que relatam já terem percebido o desdobramento do corpo astral nas horas do sono.

livro-dos-mortos-tibetano_zps856e975a
Livro Tibetano dos Mortos

O Livro Tibetano dos Mortos traz uma passagem interessante sobre o assunto: “Oh nobre por nascimento, teu corpo presente sendo um corpo de desejos (astral) não é um corpo de matéria grosseira. Assim que, agora tu tens o poder de atravessar qualquer massa de rochas, colinas, penhascos, terra, casas e o próprio monte Meru, sem encontrar obstáculo…”

Ao estudarmos estes fenômenos do sono, já podemos intuir o que seria então o processo da morte. Como explicávamos, é a cessação das funções físicas e vitais, porém o que não cessa, o que não morre, são os demais corpos do homem: astral e mente. Isto continua existindo em outras dimensões, assim mesmo segue existindo seus valores espirituais, a essência, e seus valores inferiores, o ego, o subconsciente.

O Processo da Morte

Deusa Ma'at
Deusa Ma’at

O que acontece logo após morte? Começa-se uma nova etapa no mundo astral onde a pessoa passa a rever toda sua existência. Existe vasta quantidade de relatos de pessoas que voltaram do pós-morte, ou seja, estiveram mortos por algum tempo e sobreviveram, muitos deles confirmando que viram sua vida rapidamente como um filme. Este acontecimento, a retrospecção, nos indica que devemos tornar-nos conscientes de tudo o que fizemos em vida e que nossos atos, bons ou ruins, nos seguem como nossas sombras e devemos responder por eles.

Passada a retrospecção, vem o momento mais importante para o desencarnado. Os sábios do antigo Egito descreveram em trechos do Livro dos Mortos e do Livro da Morada Oculta que a pessoa que morreu vem a se encontrar com a Deusa Ma´at, a Deusa Verdade-Justiça. Isto significa que depois a retrospecção vem um julgamento ou balanço de valores. Ma´at, para os egípcios antigos, representa a Lei Cósmica, o momento onde a verdade aparece. É neste instante que nossa parte de Alma, a Essência, percebe aquilo que em vida errou, aquilo que acertou, o que deveria ter feito e o que não. Isto sob uma visão mais ampla, com um entendimento cósmico. Deste balanço de valores, emerge o futuro da pessoa, o que ocorrerá em sua próxima existência.Um dos maiores ensinamentos da morte é a percepção que nosso futuro está sendo projetado de instante a instante, sendo ele o resultado do que fazemos no presente. É por isso que o Livro Egípcio dos Mortos possuía um outro nome original, qual seja: Livro para sair a Luz. Era um livro para os vivos, porque através destes estudos e dos ensinamentos dados nas escolas de mistérios daquela antiga época, os Iniciados Egípcios encontravam as chaves para orientar sua vida de forma sábia e construtiva, trabalhando para eliminar os defeitos psicológicos, o ego, e buscando progresso moral e espiritual. Isto lhes garantia que no pós-morte receberiam um ótimo destino, o que resulta ir às regiões superior da natureza, que são lugares nirvânicos de grande luz. O mesmo não aconteceria com aquele indivíduo que tivesse pouco desenvolvimento interior ou que cometesse muitos erros.

A Lei do Karma

livro-dos-mortos-egipcio_zpsfe74e7b6
Tribunal representado no Livro Egípcio dos Mortos

Toda esta noção de retribuição no pós-morte foi absorvida posteriormente pelo Cristianismo e difundida pelo mundo. No entanto, não foi bem compreendida pela maioria das pessoas. Na realidade isto apenas reflete uma grande lei natural: a Lei de Ação e Consequência ou Lei do Karma. Não podemos fugir de nossas ações. Devemos entender que o indivíduo humano é um ser mecânico e muito rotineiro, tendido a repetir erros, portanto não é pela continuidade da vida por séculos que ocorrerá uma melhoria substancial em seu interior. A morte representa, portanto, o final de um ciclo, um balanço de valores, para podemos colher os resultados dos bons atos e poder reconhecer e reparar as más ações, segundo uma lei universal.

Diante de tudo isto, faz-se necessário buscar em nossa vida, diariamente, o profundo conhecimento de si mesmo, do que nos faz melhores ou piores, e organizar nossa casa interior para podermos conseguir entender de onde viemos e o que o futuro pode nos reservar. Os grandes sábios da antiguidade nos ensinam que devemos desenvolver nossos valores anímicos e buscar despertar nossa essência interior para nos fazermos conscientes, pouco a pouco, desses grandes mistérios encerrados na vida e na morte.

Lúcio Souto da Fonseca

3 comentários em “Mistérios da Vida e da Morte”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima