O Simbolismo Gnóstico de Caim e Abel
No Gênese, primeiro livro da Bíblia Cristã, diz-se que Adão e Eva, o casal primordial, após sua queda e expulsão do Éden tiveram dois filhos: Caim (um caçador) e Abel (um pastor). Todavia, Caim matou Abel com um osso de burro tornando-se o primeiro homicida da humanidade.
Muito estranho que Adão e Eva tivessem somente filhos homens. Onde estão as mulheres para gestarem novos filhos e parir os ancestrais da humanidade? Não há explicação plausível. Por isso, nenhuma religião deve ser vista do ponto de vista meramente histórico. Falta o esoterismo científico religioso para extrair a inteligência dos ensinamentos religiosos; e há níveis e níveis de entendimento, níveis e níveis de compreensão.
Samael Aun Weor, o grande gnóstico do século XX, utilizando a etimologia comparada, diz que Caim (em espanhol, “CAÍN”) recorda a palavra “INCA”, povo que venerava o Sol e nos remete aos Sacerdotes do Sol, Homens Solares, aos Senhores do Fogo… INCA é também INRI, Ignis Natura Renovatur Integram (“O Fogo que Renova a Natureza Incessantemente”).
Um dos significados de Caim em hebraico é “Lança” (Qyn), instrumento que também nos recorda o Fogo, esta a substância sagrada que reside em todo templo (seja o templo de devoção ou o templo humano, nosso corpo). A Lança é um símbolo fálico dos rituais dos sagrados mistérios do Egito, da Grécia, da Pérsia, de Roma etc.
Abel significa “hálito” (hevel) em hebraico, o que nos remete à Alma. O nome ISABEL pode ser decomposto em “Is” e “Abel” e “IS” é o símbolo da Serpente de Bronze sobre a Vara de Moisés, a medicina universal representada pelo bastão de Esculápio (o divino médico da antiga Grécia) e também a adorada deusa Ísis dos egípcios. Por fim, “IS” e “ABEL”, em termos gnósticos, são: a Alma Espiritual (feminina) e a Alma Humana (masculina) unidas, representando um Ser Autêntico e Real, um Mestre de Sabedoria, uma Consciência Iluminada com a sabedoria de cima (dos Céus) e a sabedoria de baixo (da Terra), Rei e Sacerdote (ou Pastor) da Natureza.
Caim matou Abel, o Fogo matou a Alma. Tal fogo é o poder volitivo, é o bastão dos patriarcas e profetas, é a Kundalini dos indianos, que nos dá o poder sobre a Criação. Em várias culturas, o fogo interno ou espiritual é representado por uma SERPENTE. Interessante verificar que nos sagrados livros judaico-cristãos a serpente é tanto origem da queda do homem (a serpente edênica) quanto do poder do sacerdote (a vara de Arão e de Moisés) – portanto, há duas Serpentes.
Assim, o Fogo que reside dentro de nós mesmos pode ser tanto a nossa queda quanto nossa redenção. Caim matou Abel, o Fogo matou a Alma (morte espiritual), e então caímos na geração animal. Perdemos a semelhança com nosso Deus Íntimo e nos tornamos meros mamíferos, presos na Roda de Nascimentos e Mortes (Samsara).
O Fogo Espiritual (Caim) e a Alma (Abel) são irmãos. Não poderemos criar nossa autêntica Alma, completa e perfeita, sem trabalhar no “Magistério do Fogo” como didaticamente ensina Samael em suas obras. Há que dominar a si mesmo para isso (através do Autoconhecimento), há que se lapidar, regenerar-se, retificar-se, profundamente. Apenas dominando o Fogo é que poderemos começar a nos chamar verdadeiramente de “seres Humanos” e, um dia, de “Homens”.
Na Alquimia Sagrada, o burro é símbolo do Mercúrio dos Filósofos. Mas também nos recorda a Mente, que deve ser dominada como Jesus dominou o jumento para entrar na Jerusalém Celestial. A mente animal é a causa de muitos erros da nossa existência. Quando baseamos nossa vida nos processos da mente, cometemos muitos erros por medo, raiva, ignorância, orgulho etc., defeitos psicológicos que carregamos dentro cujo material é de origem mental. Por isso, Samael Aun Weor nos ensina a trabalhar com a Consciência, o resíduo anímico que ainda temos dentro de nós.
O Fogo mal governado pela Mente causou nossa queda e por isso saímos do estado divino para o estado animal. A nossa regeneração está em reunir Adão (o Enxofre Alquímico) com Eva (o Mercúrio Alquímico) dentro de nós mesmos. Aqui reside o segredo do Magistério do Fogo, a Chave de todas as Chaves de todas as Religiões.
Muito Bom!
Fantástico, único meio de comprovar a realidade deste texto é internamente, ou seja, se autoconhecendo, para conhecer o universo e os Deuses…
Quem tem entendimento que entenda, pois aqui a sabedoria…
esclarecido..,
Grato!
O Fogo Divino, O Espírito Santo, é o Grande Arcano.
uma analogia divina!
Muito bom, o fogo seriam alegoricamente nossas paixões, o ego, e a alma, nossas virtudes, que simbolizam o esforço do ser humano em vencer os vícios e praticar as virtudes de forma consciente.
Instinto versus razão, emoção versus pensamento, egoísmo versus altruísmo, sombras e luz, frio e calor, Sol e Lua, masculino e feminino, enfim a dualidade.