DO AMOR ERÓTICO AO AMOR DIVINO
Podemos observar ao longo da história da humanidade, em todas as formas de arte a busca sempre constante por expressar, definir, exaltar e até mesmo compreender a este sentimento ou algo misterioso que se chama amor.
Os gregos utilizavam mais de uma terminologia para designar ao amor. Sendo três muito importantes: Ágape, Eros e Filos.
Eros é o termo que se traduz em amor erótico ou sexual. É ao mesmo tempo um deus no panteão grego. Esta divindade do amor, foi mencionada na Teogonia de Hesíodo, e este lhe atribuiu o papel unificador e coordenador dos elementos da criação, sendo portanto definitivo no processo de passagem do Caos para o Cosmos. Eros, o mesmo cupido, une em matrimônio o homem e a mulher, para que estes dois possam completar-se um no outro,e consubstancializar o amor através da união sexual. Este sentimento de amor erótico no sentido mais transcendental da palavra só pode ser encontrado no leito nupcial dos esposos. Por isso Eros une os casais…
Temos ainda o termo Filos que também significa amor. Porém já se trata de uma distinta forma de amor, que seria o amor de amigos. Daí vem o termo filosofia que significa amor à sabedoria, ou amigo da sabedoria. Esta forma de amor deve estar também presente entre esposos, porque permite uma relação de confiança, respeito e companheirismo. Eros é o sentimento que nos leva a despir o corpo para o ser amado, enquanto Filos nos leva a despir a alma, para que haja uma verdadeira comunhão. Este amor de amigos, no coração puro, se estende a todos os seres da criação.
Já Ágape é a expressão mais exaltada e sublime do amor. Foi sempre utilizado nos textos cristãos como significação do amor de Deus, o amor desinteressado, indistinto e incondicional. Esta forma de amor faz com que o ser humano vá muito mais além de sua natureza inferior e busque divinizar-se. Faz-nos ver além dos defeitos alheios, conectando-nos assim com a virtude de cada um. E ainda, nos move a querer abandonar os nossos próprios defeitos e imperfeições. Como descreve em 1 coríntios 13 “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
O amor sempre foi a maior busca da consciência humana, ainda que muitos nem o suspeitem. Todos dizem que buscam a felicidade, mas felicidade é apenas outra palavra para dizer amor. Alguns querem veementemente a sabedoria, Hermes Trismegisto dizia: “Te dou amor, dentro do qual está contido todo o sumum da sabedoria”. Quando uma pessoa é religiosa, ela busca encontrar a Deus. Nas sagradas escrituras bíblicas está escrito: “Deus é amor”…
No fundo íntimo, cada ser humano sofre em maior ou menor nível, porque dentro de si há muitos espaços vazios de amor. Espaços onde o que reina é exatamente a antítese desta força.
O amor não é simplesmente um sentimento ou uma virtude humana. Ele é a força misteriosa que organiza a todo o universo, é o que faz tudo existir, e é até mesmo o que dá verdadeiro sentido a tudo. É nas palavras de um sábio “a força modeladora do universo”.
Esta força, ou energia divina, se expressa no gênero humano através das diferentes virtudes como caridade, humildade, pureza, honestidade, sinceridade, altruísmo, etc. O gnosticismo ensina-nos que tais virtudes se encontram corrompidas, ou engarrafadas dentro do que em termos gnósticos chamamos ego, ou defeitos psicológicos, que são o oposto de cada uma destas virtudes, portanto hoje por hoje estas virtudes praticamente inexistem dentro de cada um de nós. Necessitamos resgatá-las através de um árduo e heroico trabalho que a Gnosis como conhecimento dos mistérios da natureza humana nos propõe. Tais defeitos tornam a nossa natureza psicológica egoísta, e portanto, incapaz de amar. Já nos dizia o grande sábio Samael Aun Weor “Só as grandes almas sabem e podem amar”. Uma grande alma só pode florescer no interior de alguém que deixou de ser egoísta, e passou a buscar com real sinceridade a felicidade de todos os seres.
Esta força maravilhosa, em qualquer das formas de expressão mencionadas pelos antigos gregos, seja eros, filos ou ágape, não pode ser abarcada em sua forma mais absoluta pelo ser humano em sua atual conjuntura psicológica. Apenas podemos sentir lampejos disso que se chama amor. É necessária uma verdadeira regeneração e revalorização de nossa natureza para que possamos realmente encarnar o sentido de amar profundamente. Uma pequena chispa desprendida desta gigantesca fogueira, quando capturada por nós já nos faz sentir uma plenitude indescritível. Quando alguém sente algo do verdadeiro amor, nada lhe falta, nada lhe sobra. O amor nos torna capazes de todos os sacrifícios e martírios, de todos os heroísmos e atos de nobreza. Ele converte o feio em belo, o velho em jovem, o triste em alegre, e ao perverso, ele definitivamente enobrece o coração. O grande mestre Samael nos dizia em sua inspiração, que se por um instante esquecêssemos todos os nossos ódios e nos amássemos profundamente, até o veneno das víboras desapareceria.
O amor com sua ciência e infinita magia transforma todas as coisas dando-lhes à sua verdadeira originalidade que é o divino. Ele brota através dos destroços mortais para nos dar o sentir da eternidade. Surge como a estrela da esperança na noite escura da humanidade para iluminar o nosso mundo escuro e triste. O amor transforma o deserto da vida humana em um campo verdejante, cheio de abundância, fertilidade e inspiração.
Os mestres da humanidade nos exortam ao amor. É melhor amar, nos dizem eles , que acumular na cabeça muitas teorias que não nos conduzirão a lugar algum. O amor é o caminho para o monte olimpo, onde se consegue a imortalidade. Dizia Hermes Trismegisto: “Os homens são Deuses mortais, e os Deuses, homens imortais”.
Autoria da Instrutora Gnóstica: Karoly Jardim
Muito bom. Filosofia aplicada sobre o amor.
Eu amo o Divino
Que conjunção maravilhosa sobre o amor que revelas nessa belissima inspiração. Gratidão.