Os 3 degraus para o Conhecimento Objetivo são: a Imaginação, a Inspiração e a Intuição.
Vamos estudar como despertá-los em nós.
Vejamos como a imaginação se desenvolve. Muitos exercícios científicos podem ser realizados. Muitas vezes falei sobre o exercício do copo com água; trata-se de um exercício fácil.
Colocamos um copo com água à nossa frente. No fundo do copo, pomos um pequeno espelho. Acrescentamos azougue (mercúrio) à água, algumas gotas. A concentração é feita no meio da água, isto é, sobre a água, de forma tal que a visão atravesse o vidro.
Assim teremos um esplêndido exercício para o desabrochar da imaginação. Trataremos de ver nessa água a luz astral.
Faremos um grande esforço para vê-la. É óbvio que no princípio não veremos nada, porém, depois de algum tempo de exercício, começa-se a ver a água colorida, começa-se a perceber a luz astral; o sentido da auto-observação psicológica entre em atividade.
Bem mais tarde, se passar um carro pela rua, por exemplo, uma faixa de luz será vista na água e o carro andando por ela. Isto indicará que já se começa a perceber com a faculdade transcendental da imaginação. Por fim, chegará o dia em que não mais se precisará do copo com água para ver, porque se estará vendo o ar com diferentes cores, se estará vendo a aura das pessoas.
Bem sabemos que cada pessoa carrega uma aura de luz ao seu redor e que essa aura tem diversas cores. O cético carrega sempre uma aura de cor verde brilhante, o devoto uma aura de cor azul, o amarelo revela muito intelecto, o verde sujo ceticismo, o cinza tristeza, o cinza-chumbo muito egoísmo, o negro representa o ódio, o vermelho sujo a luxúria e a fornicação, o vermelho brilhante ou cintilante a ira etc.
Claro que para poder ver assim a aura das pessoas há que trabalhar muito neste exercício. Por pelo menos uns três anos, dez minutos diários, sem deixar de trabalhar um único dia. Se alguém tem essa firmeza para praticar tal exercício por dez minutos diários, chegará o momento em que a faculdade da imaginação, ou clarividência, ficará plenamente desenvolvida. Clarividência é apenas outro termo que se aplica à imaginação.
Mas este não seria o único exercício para desenvolver esta faculdade. É necessário algo mais, é necessário meditação. Sentados em uma cômoda poltrona, com o corpo bem relaxado, ou deitados na cama com a cabeça para o norte, devemos imaginar alguma coisa, por exemplo: a semente de uma roseira. Imaginemos que ela foi semeada cuidadosamente em uma terra negra e fértil e que agora a regamos com a água pura da vida.
Continuamos com o processo imaginativo, transcendental e transcendente ao mesmo tempo, visualizando como brotam espigas no talo no processo do crescimento, como se desenvolvem maravilhosamente, como surgem as espigas daquele talo e por fim os raminhos e as folhas. Imaginamos como por sua vez aqueles raminhos cobrem-se se folhas completamente e aparece um botão que se abre deliciosamente; é a rosa.
No estado de Manteia, como diziam os iniciados de Elêusis, falando dos gregos, chegamos até a sentir o próprio aroma que escapa das pétalas vermelhas ou brancas da preciosa rosa.
A segunda parte do trabalho imaginativo consistiria em visualizar o processo do morrer de todas as coisas. Poderia se imaginar como aquelas perfumadas pétalas vão caindo, como pouco a pouco vão murchando, como aqueles ramos outrora tão fortes convertem-se, depois de algum tempo, em um montão de lenha. Por fim, chega o vendaval, o vento, e arrasta todas as folhas e toda a lenha.
A meditação profunda sobre o processo do nascer e do morrer de todas as coisas é um exercício que deve ser praticado de forma assídua, diariamente. É claro que com o tempo nos dará a percepção interior profunda daquilo que poderíamos denominar de mundo astral.
É bom ainda advertir a todo aspirante que qualquer exercício esotérico, incluindo este, requer continuidade de propósito. Se praticamos hoje e amanhã não, cometemos um erro gravíssimo. Havendo de verdade aplicação no trabalho esotérico, o desenvolvimento dessas preciosas faculdades da imaginação torna-se possível.
Quando, durante a meditação, surgir em nossa imaginação algo novo, algo diferente da rosa, será sinal evidente de que estamos progredindo. No princípio, as imagens carecem de colorido, mas conforme formos trabalhando, elas irão se revestindo de múltiplos encantos e cores.
Progredindo no desenvolvimento interior profundo, avançando um pouco mais nesta questão, chagaremos à recordação de nossa vidas anteriores.
Inquestionavelmente, quem tiver desenvolvido em si mesmo a faculdade imaginativa, poderá tentar capturar ou apreender, com este translúcido, o último instante de sua passada existência. Esse espelho translúcido da imaginação o refletirá moribundo em seu leito. Assim, alguém poderia ter morrido num campo de batalha, ou num acidente; seria interessante ver o que nos acompanhou nos últimos instantes da existência passada.
Continuando com este processo tão maravilhoso relacionado com a imaginação, poderia se tentar conhecer não só o último instante da vida anterior, mas o penúltimo, o antepenúltimo, os últimos anos, os penúltimos, a juventude, a adolescência, a infância, etc. Assim se recapitularia toda uma vida passada. Indo mais longe, isso permitiria também que capturássemos cada uma de nossas vidas anteriores. Assim chegaríamos, por experiência direta, a verificar a lei do eterno retorno de todas as coisas.
Não é precisamente o intelecto que pode verificar esta lei. Com o intelecto, podemos talvez discutir, afirmar ou negar, mas isso não é verificação. Assim, pois, convido todos à compreensão.
A imaginação abrirá as portas dos paraísos elementais da natureza, pois é com a imaginação que tratamos de ver uma árvore.
Se meditamos na mesma, veremos que é composta de uma multidão de pequenas folhas; mas se conseguimos nos aprofundar um pouco mais e ver a sua vida íntima, perceberemos sem dúvida alguma isso que poderíamos denominar de essência ou alma; quando alguém está em estado de êxtase, percebe a consciência do vegetal.
E pode ver, com toda clareza, que esta é uma criatura elemental, uma criatura que tem uma vida não perceptível para os cinco sentidos, não perceptível para a capacidade intelectual, uma vida excluída completamente do processo sensorial. É interessante saber que em passos posteriores pode-se chegar a conversar, dialogar, com os elementais.
Obviamente, na quarta vertical, há surpresas insólitas. Indubitavelmente, a Terra Prometida da qual nos fala a Bíblia é a própria quarta dimensão, a quarta vertical da natureza; o paraíso terrestre é a quarta coordenada. Quando se diz: A terra prometida onde os rios de água pura vertem leite e mel, faz-se referência justamente à quarta dimensão do nosso planeta Terra.
A imaginação criadora constitui-se no espelho da alma. Quem a desenvolver mediante regras esotéricas exatas, fora de dúvida, terá a comprovação do que estou afirmando aqui de forma enfática. Convido-os claramente à análise psicológica, convido-os a desenvolver essa qualidade cognoscitiva conhecida como imaginação; ela é uma faculdade extraordinária. A imaginação criadora permite a alguém saber por si mesmo que a Terra é um organismo vivo.
Nestes momentos, chega-nos à memória aquela afirmação neoplatônica de que a Alma do Mundo está crucificada na Terra.
Essa alma do mundo é um conjunto de almas, um conjunto de vidas que palpitam e têm realidade.
Para os povos hiperbóreos, os vulcões, os mares profundos, os metais, as gargantas das montanhas, o furioso vento, o fogo flamejante, as pedras rugidoras, as árvores, etc., não eram senão o corpo dos Deuses. Aqueles hiperbóreos não viam a Terra como algo morto. Para eles o mundo estava vivo, era um organismo que tinha vida e a tinha em abundância. Então, falava-se no orto puríssimo da linguagem divina que, como um rio de ouro, corre sob a espessa selva do sol. Sabia-se tocar a lira e dela arrancava-se as mais extraordinárias sinfonias. A lira de Orfeu não tinha caído ainda no pavimento; não se partira em pedaços.
Esses eram outros tempos, essa era a época da antiga Arcádia, quando se rendia culto aos Deuses da aurora, quando se festejava todo nascimento com festas místicas transcendentais.
Se vocês desenvolveram de forma eficiente a faculdade da imaginação, não somente poderão recordar suas vidas anteriores, como ainda comprovar de forma específica o que aqui estou expressando didaticamente com completa clareza. Mas a imaginação, por si mesma e em si mesma, não é mais do que o primeiro escalão. Há um segundo escalão mais elevado que é a Inspiração.
A faculdade da inspiração permite-nos dialogar, frente a frente, com toda partícula de vida elemental. A faculdade da inspiração permite que sintamos em nós mesmos o palpitar da cada coração. Voltemos novamente, por um momento, ao exercício da roseira. Se depois de tudo, se concluído o meditar no nascer e no morrer da mesma, desaparecidas a lenha e as pétalas da rosa, queremos ainda saber de mais alguma coisa, precisamos de inspiração. A planta nasceu, deu frutos, morreu e depois de tudo o que vem?
Necessitamos da inspiração para saber qual é o significado desse nascer e morrer de todas as coisas. A faculdade da inspiração é ainda mais transcendental e precisa de um gasto maior de energia. Trata-se de deixar de lado o símbolo sobre o qual estivemos meditando, trata-se agora de capturar o seu significado interior. Para isso, precisa-se da faculdade da emoção.
O centro emocional vem, pois, valorizar o trabalho esotérico da meditação, ele permite que nos sintamos inspirados. E então, inspirados, conheceremos o significado do nascer e do morrer de todas as coisas.
Com a imaginação, poderemos verificar a realidade da existência interior, com a inspiração poderemos capturar o significado dessa existência, seu motivo, sua causa, seu porquê, etc. A inspiração está um passo além da faculdade da imaginação criadora. Com a imaginação, podemos verificar a realidade da quarta vertical, porém a inspiração permitirá que capturemos seu significado profundo.
Por último, além da faculdade da imaginação e da inspiração, teremos de chegar às alturas da intuição. Assim, imaginação, inspiração e intuição são os três degraus da Iniciação.
A intuição é algo diferente. Voltemos à roseira do nosso exemplo. Indubitavelmente, com o processo da imaginação, durante o exercício esotérico transcendental e transcendente, vimos os processos: vimos como a roseira cresceu, como floriu suas rosas e por último como morreu e se converteu num monte de lenha.
A inspiração permite que saibamos o significado de tudo isso, mas a intuição nos levará à realidade espiritual disso. Através dessa preciosa faculdade superlativa, entraremos num mundo de uma espiritualidade singular e nos encontraremos face a face com o elemental visto com a imaginação, o elemental da roseira.
Ainda mais, nos encontraremos com a chispa virginal, com a Mônada divina, com a suprema partícula divina da roseira. Entraremos num mundo onde estão os Elohim criadores citados na Bíblia hebraica ou mosaica. Veremos todas as hostes criadoras do Exército da Palavra, isto é, teremos achado o Demiurgo criador do universo.
É a intuição que permite conversar frente a frente com os Elohim, com os Tronos, os quais já não serão para nós mera especulação ou crença; doravante serão uma realidade palpável, manifestada. A intuição permitirá o nosso acesso às seções superiores do universo e do cosmos. Através da intuição, poderemos estudar a cosmogênese, a antropogênese etc. Ela permitirá que entremos nos templos da Fraternidade Universal Branca, onde estão os Elohim, Kummaras ou Tronos.
Ela permitirá que nós conheçamos a gênese de nosso mundo e poderemos até assistir a própria aurora da criação; saber, não porque alguém tenha dito, mas por via direta, como surgiu este mundo que habitamos, de que forma foi criado, de que maneira fez sua aparição no concerto dos mundos. A intuição permitirá que saibamos, de forma específica e direta, aquilo que os brilhantes intelectuais da época não sabem.
Há muitas teorias a respeito do mundo, do universo e do cosmos, as quais passam constantemente de moda como os remédios de farmácia, como a moda das senhoras e dos cavalheiros. A uma teoria, segue outra e outra; por fim, o intelecto não consegue senão fantasiar graciosamente e especular, sem poder jamais experimentar a realidade. No entanto, a intuição permite que se conheça o real; ela é uma faculdade cognoscitiva transcendental. Quão grandioso é poder assistir ao espetáculo da criação! Sentir-se por uma momento fora da criação e olhar o mundo como se ele fosse um teatro e nós os espectadores.
Perceber como um cometa sai do caos e o Real Ser dá origem a uma unidade cósmica. Isto é intuição; aquilo que nos permite saber que a Terra existe devido ao Karma dos Deuses. Se não fosse por isto, não existiria; é a intuição que permite a alguém verificar o cru realismo desse Karma. Certamente, aqueles Elohim, cujo conjunto vem a constituir o divino, atuaram num passado ciclo de manifestação muito antes de a Terra e o sistema solar terem surgido à existência.
Vejamos um caso bastante simpático. Muito se discute sobre a Lua. Muita gente pensa que ela é um pedaço da Terra que foi lançado ao espaço pela força centrífuga, algo assim como o disparo de um foguete atômico. A intuição permite que se vislumbre que as coisas aconteceram de forma completamente diferente. Através da intuição, vimos a saber que a Lua é muito mais antiga do que a Terra.
Por isso, nossos antepassados de Anahuac diziam: a avó Lua. Ela é obviamente nossa avó, pois, se ela é a mãe da Terra e a Terra é a nossa mãe… Nossa avó; conceitos sábios de Anahuac.
A Terra surgiu realmente muito mais tarde no correr dos séculos. A Lua foi um mundo rico no passado; teve vida mineral, vegetal, animal e humana, mares profundos, vulcões em erupção, etc. Os próprios cientistas atuais tiveram de se render diante da evidência concreta de que a Lua é mais antiga do que a Terra.
Aqueles Iniciados que cometeram o erro de afirmar que a Lua era um pedaço que se desprendeu da Terra, agora ficaram mal, já que se verificou no estudo com aparelhos especiais dos metais trazidos da Lua que esta é mais antiga que a Terra.
Ela teve humanidade, teve vida vegetal, foi um mundo rico. Por que a Lua se transformou assim? A intuição permite a qualquer um saber que tudo que nasce tem de morrer. Todo mundo do espaço estrelado, com o tempo converte-se em uma Lua. Esta Terra que habitamos um dia envelhecerá e morrerá, converter-se-á em uma outra Lua. Há Luas pesadas, como a que gira ao redor do sol Sírio, que chegam a ter uma densidade cinco mil vezes maior que a do chumbo.
Assim, voltando à nossa Lua, diremos que é a mãe da Terra. Por que faço tão tremenda afirmação?
Mediante a mesma intuição, vemos como aquela velha Lua, nossa avó, a anima mundi luna crucificada naquele satélite, depois de ter submergido no seio do Eterno Pai Cósmico Comum, o Absoluto, quando chegou uma nova época de manifestação, depois de um longo intervalo, quando chegou de novo outro Grande Dia de atividade, aquela mãe Lua, aquela anima mundi, reconstruiu um novo corpo, formou seu novo corpo que é esta Terra e se reencarnou.
Todas as criaturas que outrora existiram na Lua morreram, mas os germes da vida, os germes de toda vida animal, vegetal ou humana não morreram. Esses germes projetados pelos raios cósmicos ficaram depositados aqui neste novo planeta, até os germes de nossos próprios corpos. Por tal motivo, somos filhos da Lua. Ela é a mãe de todo ser vivo. Ela é a mãe da Terra.
Quando alguém faz uma afirmação destas diante de um grupo de pessoas instruídas, diante dos eruditos do intelecto, diante daqueles que estão acostumados a fazer malabarismos com a mente, diante dos fanáticos dos silogismos, dos prossilogismos e dos eussilogismos do raciocínio subjetivo, obviamente expõe-se à ironia, ao vexame, à zombaria, ao sarcasmo, à sátira, porque isto não pode ser admitido jamais pelo raciocínio subjetivo do intelecto. Isto que estou afirmando só é acessível à intuição.
Se vocês querem um dia chegar de verdade à iluminação, à percepção do Real, ao conhecimento completo dos Mistérios da Vida e da Morte, terão inquestionavelmente que subir pela maravilhosa escadaria da imaginação, da inspiração e da intuição.
O mero raciocínio jamais poderia levar alguém até estas experiências íntimas e profundas.
De modo algum nos pronunciaríamos contra o intelecto. O que queremos é especificar funções e isto não é um delito. Fora de dúvida, o intelecto é útil dentro de sua órbita. Fora de sua órbita, como já dissemos, torna-se inútil. Porém, se nos fanatizamos com o intelecto e nos negamos de princípio a subir pelos degraus da imaginação, jamais conseguiremos pensar psicologicamente.
Quem não sabe pensar psicologicamente, fica preso exclusivamente ao rústico sensorial e pode até se converter num fanático da dialética marxista. Só o pensar psicológico abrirá a mente interior, isto é óbvio, e nos fará subir pelos degraus da inspiração e da intuição. Indubitavelmente, de fato, abertas as maravilhosas portas da mente interior, surgem os intuitos de dentro, que se expressam através da mente interior, isto é, a mente interior serve de veículo aos intuitos.
Esta mente interior é a própria razão objetiva, a qual foi claramente explicada por Gurdjieff, Ouspensky e Nicoll. Possuir a razão objetiva é ter aberto a mente interior e esta funcionará exclusivamente com os dados do Ser, com os intuitos da consciência, do superlativo, do ético, daquilo que é transcendental e transcendente em nós e não de outro modo. Exposto este tema, fica aberto e diálogo. Quem quiser perguntar alguma coisa que o faça com a mais inteira liberdade.