A Mãe Divina

Virgem Mãe, Filha de teu Filho, a mais humilde e ao mesmo tempo a mais alta de todas as criaturas, marco fixo da vontade eterna, tu és quem enobreceu de tal forma a natureza humana que teu Criador não desdenhou em se converter em sua própria obra. Em teu seio inflamou-se o amor, cujo calor fez germinar esta flor na paz eterna. És aqui, para nós, um meridiano sol de caridade e em baixo, para os mortais, vivo manancial de esperança. És tão grande senhora e tanto vales que todo aquele que deseja alcançar uma graça e a ti não recorra, quer que seu desejo voe sem alma. Tua bondade não só socorre ao que te implora, como muitas vezes se antecipa espontaneamente à súplica. Em ti se reúnem a misericórdia, a piedade, a magnificência e tudo quanto de bom existe nas criaturas. Este, que da mais profunda laguna do universo até aqui viu uma a uma todas as existências espirituais, te suplica lhe concedas a graça de adquirir tal virtude, que possa elevar-se com os olhos até a saúde suprema. E eu, que nunca desejei ver mais do que desejo que ele veja, te dirijo todos os meus rogos, e te suplico para que não sejam vãos, a fim de que dissipes com os teus dedos todas as névoas procedentes de sua condição mortal, de sorte que possa contemplar o sumo prazer abertamente.
Ademais, rogo-te ó Rainha, que podes tanto quanto queres, que conserves puros os seus efeitos depois de tanto ver. Que a tua custódia triunfe dos impulsos da paixão humana: olha a Beatriz como junta suas mãos com todos os bem-aventurados para unir suas orações às minhas.

(DANTE ALIGHIERI)

divina

1 comentário em “A Mãe Divina”

  1. Robson Barbosa

    Tão belo texto, e bendito o que compreenda suas palavras, pois aí se encontra as chaves para o triunfo no caminho da redenção!

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