A Compreensão

A Compreensão

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A Compreensão é a segunda fase ou etapa no trabalho psicológico sobre si mesmo,  a qual tem como finalidade analisar e julgar a maneira de atuar de cada defeito separadamente.

O Eu se processa em séries e mais séries de pensamentos, sentimentos, desejos, ódios, hábitos, etc. O Eu sempre é preguiçoso, às vezes se adorna com muito belas virtudes e até se veste com a túnica da santidade. Muitas vezes o mais que podemos é ocultar astutamente o que não nos convém, esconder nossa perversidade e sorrir como os santos. Todos nós levamos dentro de nós o fariseu, por fora estamos bem bonitos, por dentro estamos bem podres.

Necessitamos por isso estudar nossa própria mente, observá-la, investigá-la profundamente, compreendê-la verdadeiramente, só fazendo-nos conscientes de nós mesmos, compreendendo os funcionalismos equivocados da mente, nossos maus costumes, poderemos ter experiência do real.

Necessitamos compreender de forma íntegra que são os processos da mente em seu estado de acumulação e experiências.

A compreensão integral da mente é o primeiro passo, depois teremos que ir mais longe. A compreensão só se consegue através da análise reflexiva, sem identificação de nenhuma espécie e sem evasivas nem considerações, para fazer-nos conscientes do defeito que queremos eliminar de nossa psique.

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Se em verdade queremos dissolver o Eu de forma radical, total e definitiva, necessitamos com urgência inadiável, compreender cada defeito, não só na região meramente intelectual, senão além disso em outras regiões do subconsciente da mente. Sem dúvida, neste trabalho de alta psicologia devemos ir mais além da mente se é que desejamos mudar radicalmente, já que as mudanças conseguidas pela mente são superficiais, não servem, e nós necessitamos mudanças radicais e profundas.

Os defeitos secretos se convertem em resortes íntimos de ação, não pode existir então, reto pensar, reto sentir e reto atuar, enquanto não tenhamos estudado cada um desses resortes secretos.

Lutando pela integração do Ser, queremos a desintegração do Ego, portanto urge trabalhar profundamente sobre nós mesmos para poder desintegrar o Ego. Há necessidade de compreender cada agregado psíquico que vamos desintegrar. A perfeição total nasce em nós com a dissolução do Eu. As virtudes nascem em nós de forma natural e simples, quando compreendemos todos nossos defeitos psicológicos não somente a nível intelectual, senão também nos terrenos subconscientes e infraconscientes da mente.

Cada defeito é multifacético e se desenvolve e processa de forma gradual desde o degrau mais baixo da escada psicológica, até o mais elevado. Dentro da cadência deliciosa de um verso também se esconde o delito.

O julgamento de um defeito deve ser definitivo, sentá-lo no banco dos acusados e julgá-lo impiedosamente, o que significa descarregar o sumário que tenhamos do defeito: amarguras, pesares e o mal que nos tem feito.

Observação – Julgamento e Execução – São os três fatores básicos da dissolução. Primeiro se observa, segundo se julga e terceiro se executa. Qualquer acontecimento, por insignificante que pareça, indubitavelmente tem por causa um ator íntimo em nós, um agregado psicológico ou um Eu.

Qualquer evasiva ou consideração de nossa parte deve ser eliminada, se é que de verdade queremos fazer-nos conscientes do Eu que anelamos extirpar de nossa psique.

A execução é diferente, não poderemos executar um Eu sem tê-lo compreendido previamente.

A mente por si mesma não pode alterar fundamentalmente nenhum fato concreto, a mente não pode por si mesma reduzir a poeira cósmica nenhum defeito. O único que a mente pode fazer é controlar os defeitos, escondê-los, passá-los de um terreno a outro da mente.

Devido à multiplicidade de seus enlaces e raízes, os defeitos psicológicos deverão ser profundamente estudados e analisados, em sua múltipla manifestação dos diferentes centros da máquina humana.

Somos capazes de permanecer calados ante o insultador? Diante de quem nos está ofendendo? Sempre temos uma marcadíssima tendência a reagir por qualquer palavrinha que nos digam; sempre nos sentimos aludidos mesmo que estejamos no caminho, uma e outra vez respondemos e reagimos.

Que diremos por exemplo dos ciúmes? Há muitas classes de ciúmes. Não somente passionais, amorosos, não. Há ciúmes religiosos, ciúmes políticos, ciúmes por amizades, são múltiplos ciúmes. E o que é isso que se chama ciúmes? É o temor de perder o que mais se ama; resulta pois no Eu do apego.

Um homem pode temer perder sua mulher e tem ciúmes dela horrivelmente. Uma noiva tem ciúmes de seu noivo espantosamente e dali resultam conflitos horríveis, vinganças e cinquenta mil coisas mais do estilo.

Todos os defeitos são polifacéticos e com muitos enlaces e raízes, que devemos estudá-los juiciosamente.

O defeito tem muitos fundos, matizes, transfundos e profundidades. Compreender um defeito a nível intelectual não significa tê-lo compreendido em todos os terrenos do inconsciente, subconsciente e infraconsciente.

Qualquer defeito pode desaparecer do nível intelectual e continuar existindo em outros níveis da mente. Ira disfarçada com a toga do juiz. Muitos cobiçam não ser cobiçosos, há quem não cobiça dinheiro, porém cobiçam poderes psíquicos, virtudes, etc.

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Na compreensão de qualquer defeito psicológico, devemos ser sinceros com nós mesmos: estudá-los, analisá-los sem evasivas nem considerações de nenhuma espécie. Não devemos identificar-nos com nenhum defeito, se é que de verdade queremos erradicá-lo. Se parados sobre uma tábua, desejamos levantar esta para colocá-la reta junto à parede, não seria possível isto se continuássemos em cima dela.

Obviamente, nós devemos começar por separar a tábua de nós mesmos e logo com nossas mãos levantar a tábua e colocá-la carregada em seu lugar. Se nós em vez de identificar-nos com essa quantidade de elementos, a separamos de nossa psique considerando-a como intruso, obviamente, terá surgido em nossa intimidade, a compreensão criadora.

Inquestionavelmente, múltiplos Eus intervêm como intrusos do mal agouro para colocar em nossa mente pensamentos e em nosso coração emoções, em nosso centro motor ações de qualquer classe.

A chamada consciência contínua de si mesmo – A auto-crítica no trabalho – é o grande problema que nós temos diariamente, não temos continuidade de propósitos, não temos continuidade de consciência. A auto-crítica no trabalho nos dará a consciência contínua de si para dirigir-se o objetivo principal de seu trabalho interno. Necessitamos vontade na execução do trabalho psicológico.

2 comentários em “A Compreensão”

  1. Miguel Machado

    O trabalho é árduo e difícil, penso em procurar um centro Gnóstico apesar da minha corrida pelo auto conhecimento. O Eu é astuto e covarde, mas me fortalece ao ler e obter novos ensinamento.

  2. compreender sem o arrependimento não a jurgamento ,não a vendo jurgamento ele continua fazendo seu trabalho quer e nus manter adormecidos .

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