Investigações Transcendentais

Investigações Transcendentais

 Investigações Transcendentais

Em um dia ensolarado de verão, enquanto contemplava o passar das nuvens com rumo desconhecido, sabendo que esse movimento orquestrado obedecia a desideratos divinos (e pensar que é pouca a importância que damos a essas anônimas viajantes que são vistas por todos), porém que ninguém conhece a missão de valor incalculável que cumprem na Vida, já que são as encarregadas de levar as chuvas onde existe seca para que a Vida se mantenha, eu me dizia: “Que lindo seria que nós, como humanos, também pudéssemos nos deslizar na Vida dentro de um anonimato para levar Amor, Sabedoria, Paz e Harmonia a tantas criaturas que por razões desconhecidas, não sabem os motivos pelos quais sofrem”.

Quis conhecer o fenômeno que acontece entre dois bandos que se enfrentam até a morte, defendendo ideais que carecem de fundamentos cristãos.

Aconteceu em um território de nosso afligido Planeta. Ao chegar ali foi grande minha surpresa, já que pensei que me encontraria com dois exércitos inimigos, e não foi assim. O que pude observar foi algo que merece uma verdadeira análise e reflexão.

Vi umas nuvens sanguinolentas que flutuavam no campo onde seria a batalha; nessas nuvens se formaram bolhas do tamanho de bolas de basquete; essas bolhas iam produzindo uns sons que ensurdeciam meus ouvidos, e, por conseguinte, os ouvidos dos exércitos em conflito, produzindo assim um desespero geral.

Quis ver as pessoas que se dispunham na batalha, porém não é fácil para eu explicar nessas linhas o impacto emocional e psíquico que tinha cada uma daquelas criaturas, muito menos poder explicar o espanto e o horror das crianças, mulheres, anciões e indefesos que estavam presentes e que sabiam, por um instinto natural, que nesse dia a morte recairia sobre eles. As carnes dos corpos dessas pessoas indefesas, antes de cair pelas balas, se esfarrapavam e os gritos de terror que emitiam produziam grandes nuvens negras que se misturavam com as nuvens vermelhas de seus adversários.

Ao ver isto, eu me dizia: “Por que estas pessoas, antes de cair mortas, já sabem o que vai lhes acontecer, produzindo assim este fenômeno na parte interna?” A resposta não se fez esperar, e foi assim como pude observar que a vida celular de cada pessoa, animal ou planta, tem uma intercomunicação com a Vida que sustenta toda a Natureza e antes de morrer uma pessoa, animal ou planta, essa inteligência da Vida celular já sabe.

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Momentos dilacerantes, horripilantes, foram para mim aqueles, dessas almas que já sabiam que teriam que morrer, e essas indefesas criaturas somente necessitavam que essa sentença se executasse o mais rápido possível para poder sair daquele momento em que já se viam mortos, porém estavam vivos. 

Querido leitor, nestes momentos me que escrevo meu relato, vem a minha memória algo que tem demasiada transcendência: “Quando a Alma ou Ego (chame-se como seja) compreende que sua presença ou seu fim chegou, porém ainda seu corpo está vivo, recebe o Primeiro Juízo, e em meio ao horror da morte e o ranger de dentes, passa por sua mente todos os momentos em que poderia ter feito uma mudança em sua vida, já que nesse instante não se vê atacado pela morte, e sim por toda a feiura do que foi seu pecado…”.

São instantes que na cronologia do tempo seriam milésimos de segundos, porém, na eternidade é tempo. Crianças, criaturas que por sua idade não compreendem e para os quais o horror é maior, e tudo se converte em momentos dilaceradores! O verdugo que executa essa morte não é uma pessoa, não é um demônio, é algo mais… é uma força que encarnou em um corpo humano e que se descarrega sobre uma inocente vítima a força das “Três Fúrias”, que enlouquece as pessoas que executam o crime e a maldade.

 

– A Fúria da Mente, “diz que dos ideais”;

– A Fúria da Vingança, “diz que cobrando dívidas anteriores”.

– A Fúria do Poder, “diz que para demonstrar que são superiores”, pisoteando assim o sangue de suas vítimas e encarnando, portanto, suas maldades.

 

Querido leitor, você deve saber que quem mata por vingança, sobre o vitimador recai a vingança da vítima; e foi assim como pude observar com meus olhos e sentido surpreendidos a forma como se executava uma guerra que não tinha razão de ser, na qual dois povos se enfrentavam e envenenavam a atmosfera de nosso Planeta. O vermelho dos vitimadores avançando pelo céu, impulsionando outros à destruição, e a nuvem negra das vítimas avançando, invadindo a outros com o rancor e a vingança; e as almas dessas vítimas, cheias de horror e espanto, condenadas a não ter regresso por três coisas que quero que você, querido leitor, saiba:

 

  1. Porque, no final da raça, todas as circunstâncias estão dadas para que se intensifiquem as guerras e a destruição.
  2. Essas vítimas da barbárie, ao tomar novo corpo físico, não viriam senão a executar mais barbárie.
  3. Porque essa atmosfera deixada pelas vítimas não tem forma de se acabar e tampouco poderia limpar a aura do Planeta ao reingresso de toda criatura eliminada por essa barbárie.

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Depois de haver narrado este fato, veio à minha presença algo mais comovedor: “A Natureza, produzindo reações demasiadamente terríveis, lançava fora dela a umas criaturas humanas que tinham patas de cabra, mãos de mandril, figuras humanas de presença arrepiadora, com presas que sobressaíam de suas mandíbulas, que mais pareciam de javali, empreendendo a ida a lugares onde houvesse mais guerra”.

Ao ver isso, eu me perguntava: “Que classe de elementos são esses?”, e uma voz que ensurdecia meus ouvidos, me dizia: “Eles são os que beberão o sangue das vítimas e que continuarão executando a maldade como castigo daqueles que não quiseram se arrepender a tempo”. E eu, cheio de espanto, seguia me perguntando: “Isto merece uma explicação mais profunda. Quem vai me dar?”

Pedi com grande voz no campo desolado pela guerra que estava se suscitando… e me apareceu uma menina de uns doze anos, com a roupa rasgada, as mãos arranhadas, com muita dor em seu semblante, e me disse: “O que faz você aqui, em meio desse drama tão desolador?”. Eu lhe respondi: “Quero conhecer e saber quem são estas estranhas criaturas, de uma presença horripilante, que vejo no campo de batalha”. E a menina me respondeu: “São os elementos que se saciaram com o sangue dos homens, mulheres, anciões e crianças que caem pela guerra. Estes elementários demônios tragaram o sangue de tantos pecadores, e eles serão devorados pelo sangue do Planeta para que se depure.” Eu lhe perguntei: “Que culpa têm as crianças, anciões e mulheres de tudo isso que está acontecendo?”. E a menina me disse: “Se não fossem culpados, não estariam aqui, não teriam sido julgados para morrer dessa forma.” “Acaso não são crianças inocentes?”, foi minha pergunta, ao que me respondeu: “Seus corpos, sim, suas almas não”. Tornei a perguntar: “Quando terminará esta guerra?”. E, apontando-me as pessoas, os povos, os campos e as cidades, me disse: “Olha tudo o que falta!”

Perguntei-lhe: “Por que andas assim, se tu és a Mãe Natureza?”. Disse-me: “Como anciã, é muito o que ensinei a meus filhos; como mulher adulta, são muitos os maltratos que recebi, e como menina, me sinto órfã porque quem deveria me acompanhar, cuidar e respeitar me maltratou e me abandonou.”

Perguntei-lhe: “Se existe um lugar seguro para poder viver, diga-me onde.” Disse-me: “Sim, existe um lugar seguro, porém necessitas preparar-te muito para que possas habitá-lo”. E eu lhe disse: “Como posso preparar-me mais?”. E ela me disse: “Lembra que tu és um Povo e se esse Povo se prepara, tu estarás preparado. Se esse Povo não se prepara, tu não poderás viajar para lá.” Ao que lhe disse: “Que culpa tenho eu da falta de preparo desse Povo?”. E ela me respondeu: “A Vida não sofre por suas culpas, a Vida sofre pela culpa dos que representa. Tu és a Vida e fazer parte dela.” Disse-lhe: “A humanidade não aceita a Mensagem, o que faço?”. E me disse: “No firmamento, existem milhões de estrelas; sem dúvida, o Sol ilumina mais que elas, e é um só. Cada pessoa que se levanta dentre os ‘mortos’ ilumina por mil; cada pessoa que encarna a ‘Deus’, ilumina por três mil, e cada pessoa que se ‘libera’, ilumina por seis mil. Somente necessitas:

  • Ajudar aos que deixaram de ser ‘MORTOS’;
  • Ajudar aos que vão se unir a ‘DEUS”; e
  • Ajudar aos que se ‘LIBERAM’.

Com estes dez mil, tu poderás viver nesse lugar seguro”.

Logo me disse: “Vem, mostro-te o que sobrará depois destas coisas.” Pude ver uma paisagem sombria e desolada e me dizia: “Assim ficará tudo o que é hoje: as grandes cidades onde tem reinado o demônio”.

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“Olha ali”, disse-me. Pude observar campos floridos, cultivados com toda classe de alimentos frescos. Em meio desses campos havia pequenas vivendas com pessoas que lavraram a terra. “Ali habitará esse Povo que não fez reinados na Terra, que somente viverá dos frutos de suas semeaduras, dando frutos para o Criador.”

 

Logo me disse: “Vou partir…”. Perguntei-lhe: “Tenho alguma data que se cumpra tudo isso?”, e me respondeu: “Isto já está cumprindo, se tu acreditas no que te narrei”.

 

A NATUREZA

 

(Excerto da obra “Reflexões de um Investigador V”, de V. M. Lakshmi).

 

 

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