A Organização da Psique

A Organização da Psique

 Vamos iniciar nossa cátedra, poderemos denominá-la INTUIÇÃO.

Antes de tudo temos que começar pela base – o homem. De onde viemos? Para onde vamos? Qual é o objetivo de nossa existência? Para que e por que existimos?

Temos aqui uma série de interrogações que deveremos adotar e resolver. Nasce uma criança e de fato recebe um corpo físico de forma gratuita, isso é óbvio. Um corpo maravilhoso com uns 15.000.000 de neurônios a seu serviço. Não custou nada.

Conforme a criança vai crescendo, a mente sensorial (sensual) vai se abrindo pouco a pouco. Esta em si mesma e por si mesma, informa mediante as percepções sensorais externas.

É precisamente com os dados captados por tais percepções, que a Mente Sensual elabora sempre seus conceitos de conteúdo, motivo pelo qual ela jamais poderá saber algo do real. Seus processos racionais são subjetivos, se movem dentro de um círculo vicioso, o das percepções sensoriais externos, isso é óbvio.

Agora compreenderão, um pouco melhor, o que é a Razão Subjetiva em si mesma, mas temos que fazer uma plena diferenciação entre Razão Subjetiva e Razão Objetiva.

É óbvio que a criança tem que passar por todos os processos educacionais: Kinder, Primário Secundário, Universidade. A razão subjetiva se nutre de dados que as distintas instituições escolásticas fornecem. Mas, em verdade nenhum instituto decente poderá dar à criança, ao jovem, ou ao adolescente, dados exatos sobre isso que não é do tempo, sobre isso que é o real.

É verdade que as especulações da Razão Subjetiva conduzem ao intelectual, ao terreno absurdo, digamos, utopismo, ou no melhor dos casos, às simples opniões subjetivas, mas nunca à experiencia da verdade, disso que não é do tempo.

Por outro lado, a razão Objetiva, que desgraçadamente, não recebe nenhuma instrução, para a qual não há escolas, permanece sempre abandonada.

Indubitavelmente, os processos racionais da Razão Objetiva, obviamente, nos conduzem, digamos, a postulados exatos e perfeitos. Porém, a criança, em todo lugar é educado subjetivamente, para ela não existe nenhuma forma de instrução superior.

Os dados que os sentidos fornecem à mente subjetiva do adolescente, à mente sensorial digamos, todas as questões escolásticas, de família, etc., são meramente empíricas e subjetivos, e isso é lamentável. No princípio a criança ainda não perdeu a capacidade de surpreender-se, obviamente ela se surpreende ante qualquer fenômeno.

Um formoso brinquedo desperta nela essa surpresa e se divertem com seus brinquedos.

Conforme vai crescendo, sua mente sensual vai recebendo dados da escola, do colégio, a capacidade de surpreender-se vai desaparecendo e finalmente chega o instante em que a criança se transforma num jovem e o jovem já perdeu por completo essa capacidade.

Infelizmente, os dados que recebemos nos colégios e nas escolas, nos centros educacionais, só servem, como já disse para nutrir a mente sensorial, porém nada mais.

Dessa forma e com esses sistemas atuais de educação, o único que realmente se consegue é forjarmos na escola, na academia, na universidade, uma personalidade artificial.

Tendo em conta, que, na realidade e de verdade, os conhecimentos que se estudam em Humanidades, jamais servirão para formar o Homem Psicológico.

Em nome da Verdade, temos de dizer claramente, que as matérias que são estudadas atualmente nos institutos docentes, não têm relação alguma com as distintas partes do Ser.

Por isso só servem para:

1º) Falsear os cinco centros da máquina;

2º) Tirar-nos a capacidade de assombro (surpreender-nos);

3º) Desenvolver a mente sensorial;

4º) Forjar em nós uma personalidade falsa, isto é tudo.

 

Assim pois, que fique entendido claramente que a mente sensorial de forma alguma poderia produzir em nós uma transformação radical. É conveniente entender que a mente sensorial (sensual), por muito culta que pareça, nunca poderia nos tirar da automatização e da mecanicidade, na qual se encontra toda gente em todo o mundo.

Uma coisa é o homem meramente animal, isto é o “Animal Intelectual”, e outra coisa em verdade, muito diferente, por certo, é o verdadeiro HOMEM PSICOLÓGICO.

Ao citar a palavra homem, incluo também, naturalmente a mulher e isto deve-se subentender claramente.

Nascemos com um corpo físico maravilhoso, porém na realidade, necessitamos fazer algo mais.

Formar o corpo físico não é difícil, herdamos, porém formar o Homem Psicológico, sim é difícil.

Para formar o corpo físico, não necessitamos trabalhar sobre nós mesmos, porém para formar o Homem Psicológico devemos trabalhar sobre nós mesmos, isto é óbvio.

Trata-se pois, de organizar a psique que está desordenada para criar o Homem Psicológico que é o verdadeiro HOMEM, no mais completo sentido da palavra.

Dizia o Mestre Gurdjieff que a máquina orgânica, não possui nenhuma psicologia. Tenho que discordar bastante dele nessa questão. Existe sim, uma psicologia em qualquer máquina orgânica equivocadamente chamada homem, o que acontece é que está desorganizada e isso é diferente. Organizar essa Psicologia dentro do “Animal Intelectual” é o urgente, inadiável, se é que queremos, de verdade, criar o verdadeiro homem, que é o Homem Psicológico.

Distinguamos entre, o Animal Intelectual equivocadamente chamado Homem e o verdadeiro e autêntico HOMEM PSICOLÓGICO.

Nós necessitamos trabalharmos sobre nós mesmos, se é que queremos criar o tal Homem.

Por outro lado, há luta em nós. A mente sensorial é inimiga declarada da mente superior.

A mente sensorial se identifica com qualquer circunstância, se por exemplo nos encontramos num banquete e nos identificamos tanto com a comida que nos convertemos em glutões ou nos identificamos tanto com o vinho que terminamos embriagados, se encontramos em nosso caminho uma pessoa do sexo oposto, interessante, nos identificamos tanto com aquela pessoa que no fim, fornicamos ou nos convertemos em adúlteros. Nestas circunstâncias e deste modo, não é possível criar o Homem Psicológico.

Se por alguma parte, temos que começar o trabalho de criar o Homem Psicológico, será em realidade e de verdade, trabalhando sobre nós mesmos, não nos identificando jamais, com circunstância nenhuma, e nos Auto-Observando de instante em instante, de momento em momento.

Há pessoas que erram o Caminho, existem sociedades, escolas, ordens lógicas, religiões, seitas, que pretendem organizar a psique humana, mediante certas máximas que chamaríamos “de ouro”, comunidades que pretendem mediante tal ou qual máxima, conseguir algo que eles chamariam purificação, santidade, etc. tudo isto é urgente analisá-lo.

É óbvio que uma máxima qualquer de tipo ético, religioso, nunca poderá servir de padrão para os distintos acontecimentos da vida. Uma máxima estruturada com lógica superior como a lógica de Ouspenski, por exemplo, de verdade jamais poderá criar novo Cosmos, nem uma nova natureza. Submetidos estritamente a uma máxima com o propósito de organizar nossa psique seria absurdo, significa converter-nos em escravos, obviamente.

De modo que convém que reflexionemos sobre os muitos catálogos éticos e códigos morais tidos como “máxima de ouro”. Ademais é tanto que o que temos que analizar antes de podermos entrar no trabalho de organizar a psique, que, inquestionavelmente um enunciado demonstrativo, por exemplo, por muito rico e perfeito que ele fosse, poderia ser falso e o que é o pior, intencionalmente falso.

Assim, que ao tentarmos uma transformação de nós mesmos temos que tornar-nos um pouco mais individuais. Não quero dizer egoístas, entenda-se isto como aprender a pensar melhor e de uma forma mais independente e perfeita que muitas sentenças sagrada “máximas de ouro”, já disse, aforismos que todo mundo considera perfeitos, porém, que não poderiam servir de padrão de medidas para conseguir uma transformação autêntica, uma organização autêntica e uma organização da psique dentro de nós.

Trata-se de organizar a psique interna e temos que sair de tanto racionalismo do tipo subjetivo e ir, de verdade aos fatos.

Enfrentar nossos próprios erros como são, não querer nunca justificá-los, não se trata de fugir, deles, não tentar desculpá-los. Necessitamos ser mais sérios na análise, temos que ser, digamos, mais ajuizados, mais compreensivos.

Se de verdade não buscamos escapatórias, então nem poderemos trabalhar sobre nós mesmos para conseguir a organização do “Homem Psicológico”, e deixar de ser menos “Animais Intelectuais” , como até agora somos.

A auto-observação psicológica é básica. Necessitamos de verdade auto-observar-nos de instante em instante, de segundo em segundo. Com que objetivo? Um só. Qual? Descobrir nossos defeitos do tipo psicológico. Porém, descobri-los no terreno dos fatos, observá-los diretamente, ajuizadamente, sem evasivas, sem desculpas, sem escapatórias de nenhuma espécie.

Uma vez que um defeito quando tenha sido descoberto, então, e só então, poderemos compreendê-los e ao tentar compreendê-los devemos, repito, ser severos com nós mesmos. Muitos quando tentam compreender um erro o justificam ou o evadem ou o escondem de si mesmos. Isso é absurdo. Há também alguns irmãos Gnósticos que ao descobrir tal ou qual defeito em si mesmos, começam com sua mente, teoricamente, a fazer especulações. Isso é gravíssimo, porque como já disse, e repito agora neste momento, as especulações da mente meramente subjetiva vão desembarcar, forçosamente, no terreno da UTOPIA, isso é claro.

Assim, se queremos entender um erro, as especulações meramente subjetivas devem se eliminadas, necessita-se ter observado o erro diretamente, só assim mediante uma correta observação é possível corrigir a tendência à especulação.

Uma vez que tenhamos compreendido íntegralmente qualquer defeito psicológico em todos os níveis da mente, então podemos dar-nos ao luxo de desintegrá-lo, de reduzi-lo a cinzas a pó cósmico, porém, não podemos nos esquecer que a mente por si mesma, não pode alterar radicalmente nenhum defeito, nunca.

A mente, por si mesma, pode rotular qualquer defeito com distintos nomes, pode passá-los de um nível para outro, escondê-lo de si mesma e dos demais, porém nunca desintegrá-lo. Muitas vezes lhes disse que necessitamos de um poder que seja superior a mente, de um poder que de verdade possa reduzir à cinzas qualquer defeito de tipo psicológico.

Felizmente esse poder existe no fundo de nossa psique, refiro-me claramente a Stella Maris, à virgem do Mar, uma variante de nosso próprio Ser, porém derivada ou derivado.

Se nós nos concentramos nessa força variante que existe em nossa própria psique, essa força que alguns povos a denominam, Ísis, alguns TONANTSIN e outros DIANA, etc., seremos assistidos; então o defeito em questão pode ser reduzido a pó.

Qualquer agregado psíquico, viva personificação de tal ou qual erro, uma vez que tenha sido reduzido e desintegrado, libera algo, isso se chama essência. É claro que dentro de qualquer dessas garrafas, conhecidas como agregados psicológicos, existe essência ou consciência anímica engarrafada. Ao eliminar-se este ou aquele erro, a porcentagem de Essência ali depositada é liberada.

Cada vez que uma porcentagem de Essência Búdhica é liberada, aumenta de fato e por direito próprio a porcentagem de Consciência desperta, esta irá se multiplicando, e quando a totalidade dos Agregados Psíquicos sejam reduzidos a cinzas, a Consciência terá desperta também em sua totalidade.

Se, somente eliminarmos 50% de elementos psíquicos inumanos idesejáveis, possuímos obviamente 50% de Consciência Objetiva desperta.

Mas, se nós conseguimos quebrar cem por cento os agregados psíquicos indesejáveis, conseguiremos de fato e por direito próprio, cem por cem de Consciência Objetiva.

Assim, à base de multiplicações incessantes, nossa consciência irá resplandecendo cada vez mais, isso é óbvio. Obter o Absoluto, despertar é o que nós queremos. É possível se andarmos pelo caminho correto, do contrário, não será possível consegui-lo, isso é claro. Em todo caso, a medida em que nós vamos eliminando os elementos psíquicos indesejáveis que em nosso interior carregamos, distintos Siddhis, ou faculdades luminosas irão aflorando em nossa psique, e quando se tenha conseguido a Aniquilação Budhista, então e de verdade teremos conseguido a mais absoluta iluminação.

Essa palavra “Aniquilação Budhista” molesta muito a determinadas organizações de tipo pseudo-esoterista e pseudo-ocultistas. A nós em vez disso, nos agrada realmente, conseguir os cem por cento de consciência é algo almejável.

São muitos os que gostariam de ter a iluminação, são muitos os que se sentem amargurados, os que padecem entre as trevas, os que sofrem pelas distintas circunstâncias amargas da vida.

A iluminação é algo muito desejável, porém, a Iluminação tem uma razão de ser. A razão de ser de Iluminação é o “DHARMADHATU”. Esta palavra do Sânscrito soará um pouco estranha ao ouvido dos aqui presentes. Dharmadhatu vem da raiz Dharma.

Poderia alguém desintegrar os elementos psíquicos indesejáveis em nosso interior, porém, nem por isso conseguiria a iluminação radical. Aqui entra em jogo o terceiro fator da Revolução da Consciência – o sacríficio pela humanidade.

Se não nos sacrificamos pela humanidade, não será possível conseguir a Iluminação Absoluta porque, repito, a razão de ser da Iluminação é o Dharmadhatu.

É óbvio que se desintegramos o Ego, nos é pago. É certo e de toda verdade, que se criarmos os Corpos Existenciais Superiores do Ser, nos é pago. Não podemos negar que se nós nos sacrificamos por nossos semelhantes, nos é pago, tudo isso é indubitável.

Para conseguir a Iluminação absoluta se necessita trabalhar com os três fatores da Revolução da Consciência: Morrer, desintegrar o Ego em sua totalidade; Nascer, isto é criar os veículos Existenciais Superiores do Ser; e o Sacrifício pela Humanidade. Temos aqui os três fatores da Revolução da Consciência.

Porém, como dizia a vocês, temos que saber trabalhar sobre nós mesmos, isso é óbvio.

Necessitamos organizar o Homem Psicológico, dentro de nós mesmos. Primeiro de tudo, antes de conseguirmos a Iluminação Absoluta, o Homem Psicológico deve nascer em nós, e nasce em nós quando se organiza a psique.

Temos que organizar a psique dentro de nós aqui e agora. Se nós trabalhamos corretamente organizaremos a psique. Por exemplo: se não malgastamos as energias do Centro Emocional, se não malgastamos as energias da Mente, as do cérebro Motor-Instintivo-Sexual, é óbvio que com tal reserva criamos ou conseguimos criar, dar forma ao segundo corpo Psicológico, em nós, o Corpo das Emoções, denominamo-lo EIDOLON.

É indubitável que se nós nos libertamos da Mente Sensorial conseguiremos em realidade, de verdade economizar energias intelectuais, com as quais poderíamos nutrir ao terceiro Corpo Psicológico, ou Mente Individual. Ao pronunciar-me contra a Mente Sensual quero que entendam claramente, os irmãos, que não deixo de reconhecer a utilidade da Mente Sensual e que necessitamos viver em perfeito equilíbrio, saber manejar a Mente Superior e saber usar a Mente Sensual.

Se não sabemos usar a mente sensual, nos esquecemos que temos que pagar os impostos, que devemos comer para existir, que temos que vestir-nos, então andamos pelas ruas no mais completo desalinho, não cumprimos com os nossos deveres da vida. Então a Mente Sensual é necessária, porém, temos que saber manejá-la inteligentemente com equilíbrio, isto é, a Mente Sensual e a Mente Superior devem equilibrar-se na vida, isto é óbvio.

As pessoas se preocupam unicamente com a Mente Superior, por exemplo, determinados eremitas, que vivem em cavernas nos Himalayas, esquecem que têm Mente Sensual. Renegá-la, simplesmente assim, é absurdo. Necessita-se que a Mente Sensual funcione de forma equilibrada para cumprirmos com nossos deveres na vida. A luta entre a Mente Superior é espantosa. Recordemos-nos do Cristo quando esteve em seu jejum no deserto, se apresentou um demônio e lhe diz: “Todos estes reinos do Mundo entregar-los-ei para ti, se tu te ajoelhas e me adoras”. Isto é a Mente Sensual tentando-o. E responde a Mente Superior: “Satan, Satan escrito está, ao Senhor teu Deus adorarás, e somente a Ele obedecerás”. Jesus não se deixou, dominar pela Mente Sensual, porém isto não quer dizer que não seja útil tal mente. O que acontece é que temos que tê-la sob controle, deve andar em perfeito equilíbrio com a Mente Superior.

Ao tratar de organizar o Homem Psicológico, obviamente sucederá uma luta espantosa entre as duas mentes, entre a Superior, a Psicológica e a Sensual. A Mente Sensual não quer nada que se relacione com a Mente Superior. A Mente Sensual goza quando se identifica com uma cena de luxuria ou quando se identifica com um acontecimento doloroso na rua, ou quando se identifica com um copo de vinho, etc., A mente Psicológica se opõe violentamente.

Vou ilustrar este caso com um exemplo. Ia num carro, alguém o automóvel, íamos pelo lado esquerdo da rua, pelo lado direito, uma dama conduzia outro veículo. De repente aconteceu que o automóvel que aquela dama conduzia muda de direção, tenta entrar num supermercado. É óbvio que indo pela direita devia girar para alguma parte para entrar no supermercado. Se o supermercado estivesse a sua direita, é claro, que entraria à direita. Porém, desafortunadamente, estava a sua esquerda. E o lado esquerdo estava ocupado pelo nosso automóvel. Não importa absolutamente nada àquela dama, e definitivamente gira à esquerda e claro, vindo a chocar-se com o nosso carro. Os danos não foram graves, foram mínimos para aquele outro automóvel. Porém, aqui vem o interesante:

No carro onde minha insignificante pessoa viajava, o condutor reconheceu que não tinha culpa, e de verdade não a tinha. Ele não era o culpado de que outro veículo atravessasse em sua frente. Naturalmente alegou à dama em questão. A dama insistia em ter razão, era manifestadamente absurda e qualquer perito em tráfego a teria desqualificado de imediato. Por outro lado ela insistia em chamar o seguro para arrumar o problema. Depois de umas duas horas, o seguro não chegava, a dama insistia em que a pagássemos uns 300 pesos, que custava o dano, o reparo do veículo, que ela mesma tinha destruído.

Os ocupantes do carro em que viajava e seu condutor, definitivamente estavam irados em grande estilo, e ainda que qualquer um deles pudesse pagar, não estavam dispostos a fazê-lo, tal era a ira que tinham. Por minha parte resolvi não identificar-me com aquela circunstância, pois nossa disciplina psicológica nos indica que em tais casos não devemos identificar-nos é óbvio que permaneci sereno.

Bem, como o tempo passava, duas horas ou possivelmente mais, teríamos que aguardar, pois o seguro não aparecia. Finalmente aquela dama chegou até mim, pois viu que eu era o único que estava sereno. Os demais ocupantes vociferavam. Disse-me: “Senhor, se me deres os 300 pesos, deixo esta questão de lado, que estou perdendo tempo e todos nós estamos perdendo também”. Porém, se observa a posição em que estão os dois carros, se você quisesse virar à esquerda, deveria trazer para o lado esquerdo, porém se você vai pelo lado direito e, mesmo assim tenta entrar nesse supermercado, não é possível entrar pelo lado direito quando o esquerdo está ocupado.

Qualquer perito em tráfego a desqualificaria. “Senhor, o que fazemos perdendo o tempo, o seguro não vem”.

“Bem, disse-lhe, tome então seus 300 pesos e vá em santa paz. Não há problema, siga sua viagem”.

É óbvio, houve um protesto geral dos presentes, indignaram-se, não somente com a dama senão também contra mim também. Tal era o estado em que se encontravam, não menos que protestar, encontravam-se absolutamente identificados com a cena e claro, a mim qualificaram-me de tolo, etc., etc., etc., e outros tantos elogios.

Um dos motoristas avançou direto para as damas, com o propósito de insultá-las, pois eram várias, a que conduzia e as acompanhantes. Eu me adiantei um pouquinho e disse àquela senhora: “Vá em santa paz, e não faça caso dos insultadores”.

Bem, a mulher muito feliz, de longe ainda conseguiu dar-me o último agradecimento e o carro se perdeu pela ruas daquela cidade.

Poderia seguir aguardando três, quatro ou seis horas, toda uma tarde e possivelmente até a noite, até que chegasse o seguro para fazer qualquer ajuste tolo. Realmente não havia problema grave, os danos foram mínimos, porém, ainda que os tripulantes tivessem dinheiro, de nenhuma maneira estavam dispostos a pagar, se encontravam identificados com a cena que, obviamente, não tinham vontade de, como se diz, dar o braço a torcer.

Salvei-as certamente, de uma quantidade de pormenores e detalhes aborrecedores, evitei-as possivelmente de ir à delegacia, evitei cinqüenta mil tolices, amarguras e discussões. Porém, elas se encontravam tão identificadas com aquele fato que perceberam o bem que os havia feito. Assim são as pessoas.

De maneira que, meus queridos amigos, em realidade e de verdade, devem vocês entender que identificar-se com as circunstâncias traz problemas, é absurdo indentificar-se com as circunstâncias, completamente absurdo, malgastam as energias.

Com que energia organizaríamos, por exemplo, o corpo astral se nos deixamos levar por esses estalidos de Ira, essa raiva espantosa que não tem razão de ser? Tudo por nos identificarmos com as circunstâncias. Com que forças poderíamos dar-nos ao luxo de criar a mente individual, se em verdade, jogamos fora as energias intelectuais, malgastamos em tolices, em fatos similares aos que acabei de contar?

A criação de um “Senhor Corpo” nos convida a economizar as energias emocionais e a criação do terceiro corpo, chamemos-lo de intelectual ou mente individual, nos faz compreender a necessidade de economizar um pouco nossa energia mental.

Agora bem, se nós aprendemos de verdade a deixar as antipatias mecânicas, se nós estamos sempre cheios de má vontade para com os nossos semelhantes, com que energia criaríamos então o corpo da vontade consciente, isto é, o 4º corpo psicológico? E temos que criar todo esse jogo de veículos superiores, se é que queremos em verdade criar dentro de nós mesmos, ou dar forma dentro de nós mesmos, ou fabricar dentro de nós o Homem Psicológico.

Bem sabemos que alguém que possue o corpo físico, um segundo corpo tipo emocional-psicológico, um terceiro corpo mental-individual e um quarto corpo tipo volitivo-consciente, pode dar-se ao luxo de receber esses príncipios anímicos para converter-se em Homem, isso é indubitável. Porém se nós verdadeiramente malgastamos as energias motrizes vitais, emocionais, mentais e volitivas, identificando-nos com todas as circuntâncias da vida, pois é óbvio que nunca poderá organizar esses corpos psicológicos tão indispensáveis para que dentro de si mesmo apareça o homem.

Assim que quando falo de organizar a psique, se deve entender, temos que manejar energias, saber utilizá-las, não nos identificar para não malgastar nossas energias torpemente, não esquecendo de nós mesmos. Quando esquecemos de nós mesmos, identificamo-nos e quando nos identificamo então não podemos dar forma à psique, não podemos fazer com que a psique se estruture inteligentimente em si mesma, porque malgastam as energias torpemente, isto é urgente entendê-lo, meus queridos irmãos.

Assim, pois, um Homem verdadeiro é um homem que economizou suas energias, que mediante as mesmas pode criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser.

Um verdadeiro Homem é aquele que recebeu os Princípios anímicos e Espirituais, um Homem perfeito é aquele que desintegrou, digamos, todos os elementos psíquicos inumanos, que em vez de tais elementos indesejáveis, deu forma ao Homem Interior.

O Homem interior é o que conta, o Homem Interior recebe sua recompensa, a Grande Lei o paga, o Homem interior está desperto, porque desintegrou o Ego, o homem real e verdadeiro, que se sacrifica por seus semelhantes, obviamente consegue a Iluminação.

Assim criar o Homem é o primeiro, o fundamental e isto se consegue organizando a psique. Porém muitos, em vez de dedicarem-se em organizar sua própria psique, íntima, preocupam-se exclusivamente em desenvolver os poderes ou Sidhis inferiores, isso é absurdo.

Com que vamos começar a organizar a psique ou desenvolver os poderes? O que é o que queremos? Nós temos de ser ajuizados na análise, ajuizados em nossos desejos. Se são poderes o que queremos, perdemos o tempo miseravelmente. Creio que o fundamental é que organizemos nossa psique inferior, isso é básico.

Se vocês, entendem por si mesmos e trabalham em si mesmos, conseguirão dar forma à Psique, então o Homem Real, o Homem Verdadeiro, nascerá em vocês. Entendam isso, melhor é que em vez de buscarem Sidhis Inferiores, ou poderes inferiores como dizemos, demos forma à Psique.

Há um poder transcendental que nasce em qualquer homem que verdadeiramente trabalhou sobre si mesmo, refiro-me de forma enfática à Intuição. E cito isto para vocês deixarem de desejar poderes. Porém, qual é a esta faculdade? Foi dito que está relacionada com a glândula pineal, não o nego, porém o interessante é explicar quais são suas funções.

Como definir a Intuição? Percepção direta da verdade, sem o processo deprimente da opção. Bem está razoável esta forma de definir, porém a acho muito incipiente, e usada por todas as escolinhas pseudo-esotéricas e pseudo-ocultistas por aí. Porém a Analítica nos convida a aprofundar mais o assunto. O que é a Intuição? É a faculdade de interpretação possivelmente legal, em sua Dialética, tratarei de defini-la com a Filosofia Chinesa da Raça Amarela.

Uma imperatriz Chinesa não entendia bem esta questão da Intuição. Um sábio explicou-lhe que era a faculdade da interpretação. Está correta essa definição, porém ela não entendia.

Então o sábio trouxe uma vela acesa e colocou-se no centro de um recinto e ao seu redor colocou também dez espelhos. É claro que a chama daquela vela se refletia em um espelho e a projetava para outro espelho, e assim por diante, assim notaram que os dez espelhos mutuamente projetavam a luz, e se formou um jogo maravilhoso de luzes com interpretação. A Imperatriz entendeu, temos aqui a faculdade de interpretação.

Se alguém conseguiu a Aniquilação Budhista, se alguém conseguiu fabricar os Corpos Existenciais Superiores do Ser, se verdadeiramente é um homem de verdade, no sentido transcendental da palavra, então a faculdade da interpretação será um fato.

Sabemos que estamos contidos no Cosmos. Já disse que nós somos parte do todo. Dentro do Microcosmos homem há muitos, existem muitos e por outro lado a totalidade da pessoa não é senão uma parte do todo. Já sabemos que, por exemplo, dentro do Ayocosmos, ou seja, o infinito, está contido o Macrocosmos.

Dentro do Macrocosmo, que é a Via Láctea , está contido o Deuterocosmos, o Sistema Solar. Dentro do Deuterocosmos está contido o Sol Cósmico, e dentro deste está contido o Cosmos Terra – o Mesocosmos. Por sua vez dentro do Mesocosmos está contido o Microcosmos homem e dentro do Microcosmo homem está contida a vida infinitamente pequena, o tritocosmos. Como dentro de um cosmos há outro cosmos e dentro desse há outro, e ao todo são sete cosmos, uns contidos nos outros.

De maneira que dentro de nós há um cosmos inferior, isso é claro, o tritocosmos e um superior, é claro, o Mesocosmos. Nós estamos entre um cosmos superior e um inferior.

Estamos também, muito relacionados com nossos pais, pois, nos deram origem, e por sua vez de nós provêem os filhos e os netos, todos estamos interpenetrando-nos mutuamente. Indubitavelmente, meus queridos amigos, a existência de um modo qualquer, seu nascimento, seu desenvolvimento, sua morte, fica refletindo-se também dentro do Homem Verdadeiro que obteve a Aniquilação Budhista. Então, este pode dizer, “conheço a história desse planeta”. Todo o Mahavantara pode refletir-se na unha de um Homem Verdadeiro, e refletir-se com tanta exatidão que esse Budha, não ignore nada.

Tudo o que pode suceder a uma nação pode refletir-se na Psique de um Homem que passou pela Aniquilação Budhista, e refletir-se com tanta exatidão, com tanta precisão, com tanto detalhe, que este não chega a ignorar nem o mais insignificante acontecer.

Assim, deduzam vocês e infiram sobre o que eu disse o que é a Intuição: a Faculdade de Interpretação.

Se conseguimos que a história desta Galáxia se reflita em nós, ignoraríamos algo, por exemplo, com relação a mesma? Pois claro que não. A Galáxia com todos os seus processos pode refletir-se em nossa psique com tanta naturalidade, meus queridos irmãos, como a vela daquele exemplo que expus, que se refletia nos dez espelhos que serviram para inlustrar a Imperatriz.

Se todas as coisas e circunstâncias podem refletir-se na Psique de um Budha de Contemplação, porque este já não tem Agregados Psíquicos inumanos que desintegrar, então este de fato consegue mediante a Intuição isso que poderíamos definir como a Consciência.

Chegar à Iluminação é possível. Porém não esqueçam, meus queridos amigos, que a Iluminação por sua vez têm suas leis. A razão de Ser da Iluminação é o Dharmadhatu, isto é DHARMA.

SAMAEL AUN WEOR

2 comentários em “A Organização da Psique”

  1. Excelente artigo do V. M. Samael Aun Weor. Texto muito bem elaborado da complexa teoria da ” Organização da Psique”

  2. Excelente artigo do V. M. Samael Aun Weor. Teoria muito bem elaborada sobre a “Organização da Psique”

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