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As idades da humanidade na mitologia grega

As idades da humanidade na mitologia grega

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Interessantíssimo estudarmos a história da humanidade através dos mitos presentes nas diversas culturas.

Segundo os gregos, os primeiros homens criados pelos deuses formavam uma geração de ouro. Enquanto Crono (Saturno) reinava no céu, eles viviam sem preocupações. Eram muito parecidos com os deuses, sem o sofrimento do trabalho e sem problemas. A terra lhes oferecia todos os seus frutos em abundância, nos úberes campos pastavam rebanhos esplêndidos, e as atividades do dia eram feitas com tranquilidade. Também não conheciam os sofrimentos causados pelo envelhecimento e, chegada a hora de morrer, simplesmente adormeciam num sono suave.

Quando, por determinação do destino, essa geração desapareceu, eles se transformaram em devotos deuses protetores que, ocultos em neblina espessa, vagavam pela Terra. Eles eram os doadores de tudo o que há de bom, protetores da justiça e vingadores de todas as transgressões.

Em seguida, os imortais criaram uma segunda geração de homens, de prata, mas esta não se assemelhava a primeira nem quanto a forma do corpo, nem quanto a mentalidade. Por cem anos as crianças cresciam, ainda imaturas, sob os cuidados maternos, em casa dos pais, e quando chegavam à adolescência só lhes restava pouco tempo de vida. Atos irracionais precipitaram esta segunda humanidade na miséria, pois os homens não eram capazes de moderar suas paixões e, arrogantes, cometiam crimes uns contra os outros. Os altares dos deuses também não eram honrados com agradáveis oferendas. Por isso Zeus retirou essa geração da Terra, pois não lhe agradava a sua falta de respeito para com os imortais. Ainda assim, esses seres humanos tinham tantas qualidades que, depois de terminada sua vida terrena, receberam a honra de poder vagar pela Terra como dáimones mortais.

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E então Zeus pai criou uma terceira geração de homens, de bronze. Esta também não se assemelhava à geração de prata: eram cruéis, violentos, só conheciam a guerra e pensavam em prejudicar os outros. Desprezavam os frutos da terra e alimentavam-se só da carne de animais. Sua teimosia era adamantina, seus corpos eram gigantescos. Suas armas eram de bronze, suas moradias eram de bronze, com o bronze cultivavam os campos, pois ainda não existia o ferro. Brigavam uns com os outros, mas embora fossem grandes e terríveis, nada podiam fazer contra a morte e, partindo da clara luz do Sol, desciam para a terrível escuridão das profundezas.

Depois que essa geração também submergiu no seio da terra, criou Zeus uma quarta geração, que deveria habitar na terra fértil. Era mais nobre e justa que a anterior, a geração de heróis divinos, que o mundo conhecera como os semideuses. Mas encontraram seu fim no conflito e na guerra. Uns tombaram diante dos portões de Tebas, onde lutavam pelo reino do rei Édipo, outros nos campos que circundam Tróia. Quando terminaram, com lutas e sofrimentos, sua vida sobre a terra, Zeus pai designou-lhes como moradores das Ilhas dos Bem-aventurados, que se encontram no oceano, às margens Éter. Ali levam uma vida feliz, sem preocupações, e o solo fértil lhes fornece, três vezes por ano, frutas doces como o mel.

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“Ah” suspira o antigo poeta Hesíodo, que narra o mito das idades da humanidade, “quisera eu não ser um membro da quinta geração de homens, que surgiu agora, quisera eu ter morrido antes ou nascidos mais tarde! Pois esta geração é a do ferro! Totalmente arruinados, estes homens não têm sossego de dia ou de noite, cheios de queixas e de problemas, e os deuses sempre lhes enviam novas e devoradoras preocupações. Porém eles mesmos são a causa dos seus piores males. O pai é inimigo do filho, assim como o filho é do pai. Homens cruéis! Não pensam nos juízos dos deuses quando recusam aos velhos pais a gratidão pelos cuidados que lhes prestaram? Em toda parte prevalece o direito da força, e os homens só pensam em como fazer para destruir as cidades de seus vizinhos. O correto, o justo, o bom ,não são considerados, só o que engana é estimado. Justiça e moderação não valem mais nada, o mau pode ferir o nobre, dizer palavras enganosas e calúnias, jurar em falso. É por isso que estes homens são tão infelizes. As deusas do pudor e do respeito, que até então podiam ser vistas sobre a Terra, agora cobrem entristecidas os belos corpos com roupas brancas e abandonam a humanidade, fugindo para reunirem-se aos deuses eternos”.

(Extraído do livro As Mais Belas Histórias da Antiguidade Clássica, de Gustav Schwab)

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