Evangelhos Apócrifos: Guia Completo, Lista e Mistérios

Os Evangelhos Apócrifos são muito mais do que simples textos antigos; eles são, na verdade, janelas cruciais para uma compreensão verdadeiramente rica e completa do cristianismo primitivo.

Embora frequentemente, os Evangelhos Apócrifos apresentem narrativas e interpretações sobre Jesus que divergem do cânon bíblico, é precisamente essa diversidade que os torna indispensáveis para quem busca um conhecimento profundo.

Portanto, estudar os Evangelhos Apócrifos não é apenas fascinante, mas também essencial. Neste guia completo, exploraremos em detalhe o que são esses escritos valiosos.

Além disso, você encontrará uma lista dos mais significativos, entenderá suas distinções em relação aos evangelhos canônicos e, igualmente importante, investigaremos sua profunda conexão com o gnosticismo.

Prepare-se, assim, para uma jornada reveladora que ampliará sua visão sobre os mistérios e a vibrante pluralidade dos primeiros séculos cristãos.

O que são exatamente os Evangelhos Apócrifos?

Os Evangelhos Apócrifos constituem um conjunto de escritos antigos. Esses textos narram a vida, a obra, os ensinamentos ou aspectos relacionados a Jesus o Cristo, seus apóstolos e outras figuras do cristianismo primitivo. Ademais, eles frequentemente trazem em sua essência um conhecimento Hermético e transcendental. No entanto, é importante notar que as principais tradições cristãs, como a Católica, Ortodoxa e Protestante, não incluíram esses manuscritos no cânon do Novo Testamento.

A palavra “apócrifo”, de fato, vem do grego apókryphos, que originalmente significava “oculto” ou “secreto”. No contexto dos textos bíblicos, o termo passou a identificar livros cuja autenticidade, autoria ou inspiração divina foram questionadas ou rejeitadas pelas comunidades cristãs que formaram o cânon.

Características principais dos Evangelhos Apócrifos:

Por que não foram incluídos no Cânon?

Primordialmente, a exclusão dos evangelhos apócrifos do Cânon bíblico ocorreu, em grande parte, porque muitos de seus ensinamentos colidiam com a estrutura de poder e a doutrina que a Igreja começava a consolidar naquele período.

Por exemplo, textos como os gnósticos propunham que a divindade não seria uma entidade exclusivamente externa, mas residiria também no interior do indivíduo.
Além disso, os textos gnósticos dos Evangelhos Apócrifos transmitiam a ideia de que o ser humano não necessitaria temer a Deus ou ao Estado, uma perspectiva considerada altamente perigosa, pois desafiava as bases de controle social e religioso.
Consequentemente, esses escritos foram marginalizados, proibidos e, inclusive, ativamente combatidos.

Por que os Evangelhos Apócrifos não foram incluídos no Cânon segundo a Igreja?

As razões para a exclusão desses textos do cânon do Novo Testamento são complexas e variadas, mas geralmente incluem:

Datação Tardia: Considerados escritos muito depois da era apostólica.

Origem Duvidosa: Havia dificuldade em verificar a autoria apostólica ou a conexão direta com as primeiras testemunhas oculares.

Doutrinas Divergentes: Seu conteúdo teológico contradizia os ensinamentos dos evangelhos canônicos e das cartas apostólicas, que já eram amplamente aceitos.

Uso Limitado: Nem todas as comunidades cristãs primitivas aceitavam ou liam estes escritos universalmente, ao contrário dos textos que vieram a formar o cânon.

Critérios de Canonicidade: Ao longo dos séculos, os Pais da Igreja e os concílios estabeleceram critérios como apostolicidade (ligação com os apóstolos), ortodoxia (conformidade com a “regra de fé”), catolicidade (aceitação universal) e inspiração divina.

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Importância dos Evangelhos Apócrifos:

Apesar de não serem considerados Escritura Sagrada pelas principais igrejas, os evangelhos apócrifos são valiosos para:

Compreender a diversidade do cristianismo primitivo: Eles mostram que havia muitas interpretações e comunidades diferentes nos primeiros séculos do cristianismo.

Estudar o desenvolvimento da teologia cristã: Ademais, ajudam a entender as correntes de pensamento que competiam com a que se tornou ortodoxa.

Embora diversos manuscritos apócrifos tenham sido descobertos ao longo dos anos, duas descobertas do século XX se destacam como as mais importantes.

Onde foram encontrados os Manuscritos Apócrifos?

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O Descobrimento dos Textos do Mar Morto

A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, uma das mais importantes do século XX, ocorreu de forma quase acidental.

Tudo começou em 1946 ou 1947, quando jovens pastores beduínos, da tribo Ta’amireh, procuravam uma cabra desgarrada nas áridas colinas próximas a Qumran, na margem noroeste do Mar Morto.

Em um dado momento, um dos pastores, Jum’a Muhammad Khalil (ou seu primo Muhammad ed-Dhib, dependendo da versão da história), lançou uma pedra em uma fenda escura de um penhasco, na esperança de assustar o animal para fora.

Para sua surpresa, o som de cerâmica se quebrando ecoou de dentro da caverna. Movidos pela curiosidade, eles adentraram o local e, lá dentro, encontraram diversos jarros de barro, alguns ainda selados, contendo antigos rolos de papiro e pergaminho.

Inicialmente, mal sabiam eles que haviam tropeçado em um tesouro arqueológico que revolucionaria nossa compreensão do judaísmo do Segundo Templo e das origens do cristianismo.

O Descobrimento dos textos de Nag Hammadi

A descoberta dos Evangelhos Apócrifos de Nag Hammadi, igualmente fascinante, aconteceu em dezembro de 1945, nas proximidades da cidade de Nag Hammadi, no Alto Egito. Dois irmãos egípcios, Muhammad Ali al-Samman e Khalifah, enquanto cavavam em busca de sabakh (um tipo de fertilizante natural) aos pés das falésias de Jabal al-Tarif, se depararam com um grande jarro de cerâmica selado.

Hesitantes, e até mesmo receosos de que pudesse conter um djinn (espírito maligno), finalmente o quebraram. Para sua imensa surpresa, em vez de tesouros ou espíritos, encontraram treze códices de papiro encadernados em couro. Mal sabiam eles que, dentro daquele jarro, residia uma biblioteca perdida de textos gnósticos, os quais ofereceriam uma visão revolucionária sobre as diversas correntes do cristianismo primitivo.

Origem do termo “Apócrifo”

A palavra “apócrifo” vem do grego apókryphos (ἀπόκρυφος), que, originalmente, significava “oculto” ou “secreto”. Posteriormente, no contexto dos textos bíblicos, o termo passou a designar livros cuja autoria, autenticidade ou inspiração divina foram questionadas ou, em muitos casos, rejeitadas pelas comunidades cristãs que formaram o cânon.

Detalhes da etimologia:

“apo” (ἀπό): Significa “de”, “de longe” ou “para fora”.

“apókryphos” (ἀπόκρυφος): Significa, portanto, “oculto”, “escondido” ou “privado”.

Em resumo, a palavra “apócrifo” remete a algo que está escondido, não é público ou que tem sua autenticidade questionada.

Origem do termo “Canônico”

Do grego: κανονικός (kanonikós)
Este é o adjetivo grego que significa “regular”, “conforme a regra”, “pertencente a uma regra ou padrão”.
Ele deriva diretamente do substantivo grego κανών (kanṓn), que, como vimos, significa “vara de medir”, “régua” e, por extensão, “regra”, “norma”, “padrão”.
O sufixo -ικός (-ikós) é um sufixo grego comum usado para formar adjetivos que indicam pertencimento ou relação (“relativo a”, “característico de”).

Como podemos perceber, “Canônico” significa regra. Ou seja, um texto que reconhecemos como regrado e no qual a igreja identifica uma determinada realidade é, de fato, uma regra, uma legislação, um reconhecimento da validade desse texto.

Características Comuns dos Textos Apócrifos

Os textos apócrifos, embora marginais aos cânones religiosos, são um patrimônio valioso. De fato, eles enriquecem tanto a investigação científica quanto a jornada de fé, pois ajudam a desvendar significados históricos, culturais e espirituais.
Suas características comuns incluem:

Ampliação do Panorama Histórico e Teológico: Cientificamente, os textos, em destaque os Evangelhos Apócrifos, revelam a diversidade de pensamento e interpretações antigas, complementando assim os textos canônicos.

Religiosamente: Oferecem perspectivas inspiradoras, iluminando tradições e a busca interior.

Ecos Vivos de Contextos Socioculturais: São, sem dúvida, janelas para as preocupações, valores e conflitos de suas épocas

Consequentemente, auxiliam a ciência na reconstrução de mentalidades e, para a fé, demonstram a inculturação. Ou seja, trata-se de um processo de diálogo e troca entre fé e cultura, que busca mostrar a mensagem Crística ao contexto cultural , ao mesmo tempo em que a cultura de um povo se enriquece com a mensagem do Evangelho.

Além disso, evidenciam claramente vitalidade da mensagem religiosa em diferentes realidades.

Riqueza Literária e Narrativa: No campo científico, o preenchimento de lacunas narrativas e a expansão de biografias são campos férteis para estudos literários. Já no âmbito religioso, essas narrativas alimentam a imaginação devocional e a reflexão espiritual, humanizando figuras sagradas.

Testemunhas do Processo de Discernimento e Tradição: Para a ciência, iluminam a complexa formação dos cânones. Para a fé, promovem uma apreciação mais profunda pelo discernimento que resultou no cânon, reconhecendo, inclusive, o valor histórico de outros escritos.

Em síntese, os apócrifos oferecem um terreno fértil onde ciência e fé convergem: são fontes indispensáveis para a compreensão da complexidade histórica e cultural. Ao mesmo tempo, são expressões da busca humana por Deus e do desenvolvimento da tradição, convidando, assim, a um estudo respeitoso e aberto.

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Além dos Evangelhos: A Diversidade dos Escritos Apócrifos do Novo Testamento

Além dos Evangelhos canônicos, uma rica diversidade de escritos apócrifos do Novo Testamento revela a pluralidade de crenças e interpretações que marcaram os primeiros séculos do cristianismo.

Por exemplo, textos como o Evangelho de Tomé, o Protoevangelho de Tiago e o Evangelho de Maria oferecem perspectivas ampliadas sobre a vida de Jesus, os apóstolos e os ensinamentos espirituais da época.
Embora não reconhecidos oficialmente pela Igreja, esses escritos apócrifos continuam despertando o interesse de estudiosos e buscadores de conhecimentos esotéricos, principalmente por sua profundidade simbólica e valor histórico.

Principais categorias de livros apócrifos do Novo Testamento além dos evangelhos:

Apócrifos (Acta Apostolorum Apocrypha):

O que são: Narrativas que detalham as supostas viagens missionárias, pregações, milagres e martírios dos apóstolos (além do que é contado nos Atos dos Apóstolos canônicos, que se concentra principalmente em Pedro e Paulo).

Características: Frequentemente, são repletos de aventuras extraordinárias e milagres (como ressuscitar mortos, domar animais selvagens, escapar de prisões de formas incríveis). Além disso, contêm encontros com figuras mágicas ou demoníacas e uma forte ênfase no ascetismo (especialmente a castidade). Muitos, inclusive, têm um tom romanesco.

Exemplos Notáveis:

Atos conferido a Pedro: Famoso pela lenda do “Quo Vadis?” (“Para onde vais?”) e pelo confronto de Pedro com Simão Mago em Roma.

Texto de Atos de Paulo (e Tecla): Narra as aventuras de Paulo e sua seguidora Tecla, que se torna um modelo de ascetismo feminino.

Atos de João: Contém histórias sobre João, incluindo sua sobrevivência a um banho de óleo fervente e a ressurreição de mortos. Possui também elementos gnósticos.

Atos de André: Detalha a missão e o martírio de André.

Atos de Tomé: Descreve a missão de Tomé na Índia, a construção de um palácio celestial e hinos gnósticos.

Epístolas Apócrifas:

O que são: Cartas não comprovadas atribuídas a apóstolos ou outras figuras do Novo Testamento.

Características: Muitas vezes, assemelham ao estilo das epístolas canônicas. Contudo, podem promover doutrinas específicas, responder a questões de comunidades posteriores ou, simplesmente, tentar completar o corpus de um apóstolo (como supostas cartas perdidas de Paulo).

Apocalipses Apócrifos:

O que são: Escritos que, à semelhança do Apocalipse de João (Revelação), descrevem visões do céu, do inferno, do fim dos tempos, do julgamento divino e do destino das almas.

Características: Frequentemente atribuídos a apóstolos ou figuras do Antigo Testamento. Além disso, tendem a ser muito vívidos e detalhados em suas descrições das recompensas celestiais e, especialmente, dos tormentos infernais (com diferentes punições para diferentes pecados).

Exemplos Notáveis:

Apocalipse de Pedro: Um dos mais antigos e influentes, que descreve visões do céu e do inferno. Parece ter sido, inclusive, lido em algumas igrejas por um tempo, influenciando assim a imaginação medieval sobre o além.

Apocalipse de Paulo: Baseado em 2 Coríntios 12:2-4 (onde Paulo menciona ser arrebatado ao terceiro céu), este texto detalha uma visita guiada de Paulo ao céu e ao inferno.

Apocalipse de Tomé: Este é focado nos sinais do fim do mundo.

(Primeiro) Apocalipse de Tiago e (Segundo) Apocalipse de Tiago: Textos gnósticos de Nag Hammadi que descrevem revelações secretas dadas por Jesus a Tiago.

Outros Tipos (Os Textos Gnósticos):

Além dessas categorias principais, há textos que são mais difíceis de classificar, tais como tratados teológicos, coleções de ditos (além do Evangelho de Tomé), liturgias e hinos.

Muitos textos gnósticos (como o Apócrifo de João, Hipóstase dos Arcontes, Sobre a Origem do Mundo) não se encaixam perfeitamente nessas categorias, sendo mais como revelações complexas sobre a cosmogonia, a natureza da divindade e a salvação através do conhecimento secreto.

Importância desses Outros Apócrifos:

Assim como os evangelhos apócrifos, esses textos são cruciais para:

Entender a diversidade do cristianismo primitivo: Eles mostram a variedade de crenças, práticas e preocupações das diferentes comunidades cristãs.

Rastrear o desenvolvimento de doutrinas e lendas: De fato, muitas tradições populares e iconográficas sobre os apóstolos ou o além têm origem nesses textos.

Compreender a piedade popular: Eles revelam o que as pessoas comuns queriam saber e como imaginavam o mundo espiritual e o destino dos apóstolos.

Portanto, estudar esses textos nos dá uma visão muito mais rica e complexa do mundo religioso em que o cristianismo canônico tomou forma.

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Diferença Crucial: Evangelhos Canônicos vs. Evangelhos Apócrifos

Primeiramente, os Evangelhos Canônicos são a “régua” (significado de “cânon”) pela qual a fé e a prática cristãs são medidas. Consequentemente, eles são a fonte primária para entender Jesus e os fundamentos do cristianismo para a maioria dos crentes.

Por outro lado, os Evangelhos Apócrifos, embora fascinantes e importantes para entender a história do cristianismo primitivo e suas diversas correntes de pensamento, não são considerados divinamente inspirados ou normativos para a fé pela maioria das igrejas.

Para estes grupos, em geral, são considerados “literatura paralela” ou, até mesmo, “fan fiction” antiga, que explora e expande os temas dos evangelhos canônicos, muitas vezes de maneiras que se afastaram da corrente principal do pensamento cristão. Entretanto, para correntes esotéricas e estudiosos profundos do Cristianismo, representam uma fonte excepcional de conteúdo para entender os processos divinos e humanos de uma criação.

Os 4 Evangelhos da Bíblia: Critérios de Canonicidade

A inclusão dos quatro Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João – no cânon do Novo Testamento não foi uma decisão tomada de uma só vez por um único concílio.

Pelo contrário, foi um processo gradual, que se estendeu por séculos. Nesse processo, a Igreja primitiva, através do uso, de reflexões teológicas e da orientação (segundo seus legisladores, acreditava-se) do Espírito Santo, discerniu quais escritos eram autênticos testemunhos apostólicos e divinamente inspirados.

Porém, sabemos que também houve um interesse político e social daquela que se tornaria a Igreja mais poderosa por séculos.
Assim, os principais critérios que emergiram e foram aplicados para reconhecer a canonicidade dos Evangelhos (e de outros livros do Novo Testamento) foram:

Apostolicidade (Origem Apostólica):

Aplicação aos Evangelhos:

Mateus: Tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus.

Marcos: Tradicionalmente associado ao apóstolo Pedro (Marcos teria registrado os ensinamentos de Pedro).

Lucas: Companheiro do apóstolo Paulo (e historiador cuidadoso, como afirma no prólogo de seu Evangelho).

João: Tradicionalmente atribuído ao apóstolo João, o “discípulo amado”.

Importância: A proximidade com as testemunhas oculares de Jesus garantia a fidelidade da mensagem.

Aceitação Universal (Catolicidade):
Aplicação aos Evangelhos:

Rapidamente, os quatro Evangelhos canônicos ganharam reconhecimento e uso generalizado nas liturgias, no ensino e na apologética das principais comunidades cristãs espalhadas pelo Império Romano. Inclusive, “Pais da Igreja” como Irineu de Lião (final do século II) já argumentavam pela autoridade dos quatro Evangelhos como um conjunto estabelecido.

Ortodoxia (Conformidade com a Regra de Fé):

O que é: O conteúdo do livro estava em harmonia com a “regra de fé” (em grego, kanōn tēs pisteōs) – o corpo central de ensinamentos apostólicos sobre Deus, Jesus Cristo, salvação, etc., que era transmitido oralmente e por escrito nas igrejas. Isso, certamente, nos deixa uma reflexão profunda sobre como a igreja impôs os Quatro Evangelhos, de cima para baixo.

Aplicação aos Evangelhos:

Mateus, Marcos, Lucas e João, apesar de suas perspectivas únicas, apresentavam um retrato consistente de Jesus e de seus ensinamentos que se alinhava com o que era crido e pregado pela corrente principal do cristianismo. Dessa forma, eles não contradiziam as crenças fundamentais já estabelecidas.

Importância: Protegia a Igreja de ensinamentos “heréticos” ou que distorciam a mensagem original de Cristo. Por exemplo, evangelhos gnósticos foram rejeitados por apresentarem visões de Cristo e da salvação radicalmente diferentes.

Antiguidade:

Aplicação aos Evangelhos: Os quatro Evangelhos canônicos datam do século I d.C., o que lhes confere uma antiguidade significativa em comparação com muitos evangelhos apócrifos que surgiram no século II ou posterior.

Importância: Livros mais antigos tinham maior probabilidade de refletir o testemunho original.

O Processo Histórico:

Já no século II, figuras como Justino Mártir referiam-se às “memórias dos apóstolos” (que ele chama de evangelhos) sendo lidas nas assembleias cristãs.

O Cânon Muratoriano (fragmento do final do século II ou posterior) lista Lucas e João como terceiro e quarto evangelhos (embora o início esteja perdido, presume-se que mencionava Mateus e Marcos).

Além disso, Orígenes (início do século III) também reconheceu os quatro Evangelhos canônicos.

Eusébio de Cesareia (início do século IV), em sua “História Eclesiástica”, discutiu os livros que eram universalmente aceitos, os disputados e os espúrios, confirmando assim a aceitação geral dos quatro Evangelhos.

Finalmente, concílios regionais como o Sínodo de Laodiceia (c. 363 d.C., embora a autenticidade de seu cânon seja debatida), o Concílio de Hipona (393 d.C.) e o Concílio de Cartago (397 d.C. e 419 d.C.) formalizaram listas de livros canônicos que incluíam os quatro Evangelhos que conhecemos hoje, refletindo assim o consenso, ou imposição, já estabelecido na Igreja.

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Comparando as Narrativas: Visões Divergentes sobre Jesus

Os textos canônicos (os quatro Evangelhos da Bíblia: Mateus, Marcos, Lucas e João) e os textos apócrifos (uma vasta e diversificada coleção de outros “evangelhos” e escritos sobre Jesus) apresentam Jesus de maneiras significativamente diferentes. Isso reflete, naturalmente, as diversas comunidades, crenças e propósitos para os quais foram escritos.

Visão de Jesus nos Evangelhos Canônicos (Mateus, Marcos, Lucas, João):
Plenamente Humano e Plenamente Divino:

Humanidade: Ele nasce, cresce, sente fome, sede, cansaço, alegria, tristeza, raiva e, finalmente, sofre fisicamente na crucificação. Além disso, ele tem relações humanas, ensina e morre.

Divindade: Ele é apresentado como o Filho de Deus, o Messias (Cristo) prometido, o Verbo (Logos) que estava com Deus e era Deus (especialmente em João). Ademais, realiza milagres que demonstram poder sobre a natureza, doenças, demônios e a morte. Também perdoa pecados e faz afirmações que implicam sua divindade. Consequentemente, sua ressurreição é o clímax que confirma sua natureza divina.

Messias e Salvador:

Ele é, sem dúvida, o cumprimento das profecias do Antigo Testamento.

Sua missão central é a redenção da humanidade através de sua vida, morte sacrificial e ressurreição. Ou seja, ele veio para “buscar e salvar o que estava perdido” (Lucas 19:10).

Mestre e Legislador:

Ele ensina com autoridade incomparável (ex: Sermão da Montanha), frequentemente usando parábolas.

Além disso, interpreta e cumpre a Lei Mosaica, elevando seus padrões morais e éticos (com foco no coração e na intenção).

Foco na Vida Pública, Paixão e Ressurreição:

A maior parte da narrativa concentra-se em seu ministério público (cerca de 3 anos), culminando em sua paixão, morte e ressurreição, que são vistos como eventos centrais e salvíficos.

Visão de Jesus nos Textos Apócrifos (Exemplos Variados):

Primeiramente, é crucial lembrar que “textos apócrifos” é uma categoria muito diversa. Portanto, a visão de Jesus varia enormemente entre eles.

Jesus como Revelador de Conhecimento Secreto (Evangelhos Gnósticos: Evangelho de Tomé, Evangelho da Verdade, Evangelho de Filipe, Apócrifo de João)

Nesses textos, Jesus é um Mestre esotérico que transmite conhecimento à humanidade através de parábolas. Porém, para um grupo seleto de apóstolos, transmite de forma clara esta sabedoria, conhecimento, “Gnosis”.

A salvação, então, vem através desse conhecimento, não necessariamente pela fé em sua morte e ressurreição, mas sim pela comprovação do que ele ensinou.

A pessoa humana de Jesus é vista como importante, contudo, sua parte divina, a força que emana de seu Ser, é que é exposta e exaltada nos textos.

O sofrimento e a morte na cruz são vistos como um ensinamento, algo que será entendido e vivenciado por pessoas que buscam não apenas uma salvação, mas também a redenção.

Jesus como Criança Prodígio (Evangelhos da Infância, ex: Evangelho da Infância de Tomé, Protoevangelho de Tiago):

Estes preenchem lacunas sobre a infância de Jesus, frequentemente com histórias de milagres espetaculares, às vezes arbitrários ou, inclusive, infantis e punitivos.

Jesus pode aparecer como uma “criança” com poderes extraordinários que ainda não controla totalmente ou usa de forma caprichosa. Porém, isso se refere esotericamente ao Iniciado dos Mistérios que vai se aperfeiçoando ao longo do caminho.

Jesus com Papel Redefinido para Certas Figuras (ex: Evangelho de Maria [Madalena]):

Alguns textos elevam a importância de certos discípulos (como Maria Madalena) como receptores privilegiados de revelações secretas de Jesus, desafiando assim as hierarquias apostólicas tradicionais.

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Por que os Evangelhos Apócrifos Não Estão na Bíblia? A Definição do Cânon

A compreensão de por que certos evangelhos foram incorporados ao cânon do Novo Testamento, enquanto outros foram excluídos, nos transporta para o dinâmico e, por vezes, conflituoso panorama do cristianismo primitivo. De fato, durante os primeiros séculos, diversas comunidades cristãs circulavam e valorizavam uma variedade de textos.

Assim sendo, o processo de canonização não foi instantâneo nem uniforme, mas sim um desenvolvimento gradual, onde líderes e comunidades buscavam estabelecer um corpo de escrituras consideradas autoritativas para a fé e prática.

Posteriormente, a diferenciação teológica levou a debates intensos e, inevitavelmente, à marginalização dos grupos que defendiam esses textos e visões alternativas como divinamente inspirados.

Consequentemente, a definição de “ortodoxia” (crença correta) e “heresia” (escolha divergente) tornou-se um aspecto crucial desse período.

Este processo de discernimento, debate e estabelecimento de fronteiras doutrinárias é, portanto, fundamental para entender a formação do Novo Testamento como o conhecemos hoje: um conjunto de escritos que refletiu o consenso teológico das comunidades cristãs que se tornaram majoritárias.

O Processo Histórico de Seleção dos Textos Bíblicos

Ponto de Vista Histórico

Primeiramente, pensemos em um Império Romano que dominava a Palestina no início da era cristã, período que marcou a mudança do nosso calendário atual. Posteriormente, observamos a luta pelo poder, com a tradição religiosa influenciando o estado e vice-versa. Entre os grupos com características religiosas, podemos citar alguns como a tradição Judaica, os deuses romanos e a revolucionária palavra de Jesus Cristo.

Era Cristã:

No início da era cristã, pós-Jesus, o Império Romano já dava sinais de desagregação. Com o advento de Jesus Cristo, houveram diversos movimentos em torno de sua palavra, mas cada grupo com sua própria compreensão. Consequentemente, estes criaram suas organizações por uma razão natural, sendo o homem, por sua natureza, associativo.

O Imperador Constantino, Flavius Valerius Aurelius Constantinus, em sua análise política da desagregação do Império, viu nessa corrente de pensamento Cristão uma força poderosa. Isso porque, inicialmente, os cristãos foram perseguidos, queimados e jogados nas jaulas dos leões, motivo pelo qual propagavam seus conhecimentos nas catacumbas.

Contudo, quando iam às arenas, não faziam resistência à morte física. Ora, não existe nada que o Estado institucionalizado, o poder, mais tema do que a desobediência civil. Pois todo ordenamento jurídico do Estado mantém sua estrutura de poder pela correção, pelo castigo; e quando o indivíduo não está preocupado com o castigo do Estado, ele se torna muito perigoso. Assim, por outro lado, essa força do Estado age, e esse indivíduo se torna uma ameaça.

Curiosamente, Constantino, buscando um poder que não tinha através de uma guerra travada contra seu sogro e cunhado, e em uma situação de desvantagem, anuncia que, em uma noite nos arredores de Roma, havia tido um sonho.

Neste sonho, aparece uma voz que lhe dizia: “In hoc signo vinces” (Com este sinal vencerás). E aparecia, então, o signo da cruz. Então, ele manda que se pinte esse símbolo em seus escudos e estandartes. E, mesmo em desvantagem, vence a batalha. Aí, consagra-se o cristianismo ortodoxo canônico como elemento fundamental para a manutenção do poder.

O Papel dos Concílios da Igreja Primitiva (Nicéia e outros)

No Conselho de Nicéia, em maio de 325 d.C., reuniram-se os grandes líderes cristãos. O objetivo era eleger e selecionar todos aqueles escritos, além de identificar aqueles que melhor serviam para agregar aquela grande comunidade, visto que eram vários grupos de cristãos e estes não eram coesos em torno dos ensinamentos. De fato, existiam muitas divergências doutrinais e litúrgicas entre eles. Foi neste evento, que mudaria o mundo cristão, que foram selecionados os quatro Evangelhos que compõem a Bíblia até hoje.

Os caminhos tomados pelo Cristianismo depois do Concílio de Nicéia 325.

Neste momento, vemos o cristianismo tomar dois caminhos: o gnóstico, de autorrevalorização pessoal, e o ortodoxo canônico dogmático. Este último, sob a proteção do império da Igreja de Roma. Assim é como a natureza humana vai se apropriando do conhecimento, dando a dimensão que ela quis, ou mesmo os interesses que ela queira.

Vemos aí, portanto, um reflexo dos nossos dias atuais.
E é assim que o cristianismo romano se impõe sobre os demais. Iniciam-se, então, as perseguições aos outros grupos e, principalmente, sobre os Cristãos Gnósticos primitivos.

Porém, graças a um grupo muito seleto de homens com uma visão e fé inabalável, que conseguiram esconder os textos proibidos e perseguidos pela Igreja de Roma, foi possível hoje termos acesso a essa sabedoria.

Critérios Teológicos e Históricos para a Exclusão dos Apócrifos

A exclusão dos livros conhecidos como apócrifos (ou deuterocanônicos, na perspectiva católica e ortodoxa) do cânon bíblico protestante baseou-se em critérios teológicos e históricos que se desenvolveram ao longo dos séculos.

Critérios Históricos:

Cânon Judaico (Palestinense): Primeiramente, os judeus da Palestina, na época de Jesus e dos apóstolos, utilizavam um cânon do Antigo Testamento que não incluía os livros apócrifos.

Embora esses livros fossem lidos e respeitados por alguns, especialmente na diáspora (como Alexandria, onde a Septuaginta – tradução grega que incluía os apócrifos – era popular), eles não eram considerados divinamente inspirados da mesma forma que a Lei, os Profetas e os Escritos (Tanakh). Ademais, Jesus e os apóstolos, ao citarem o Antigo Testamento, referem-se consistentemente a livros deste cânon hebraico.

Testemunho dos Pais da Igreja Primitiva: Muitos dos primeiros Pais da Igreja, tais como Melito de Sardes, Orígenes e, de forma notável, Jerônimo (tradutor da Vulgata Latina), fizeram uma distinção entre os livros do cânon hebraico e os apócrifos. Jerônimo, por exemplo, os chamou de “apócrifos” e argumentou que deveriam ser lidos para edificação, mas não para estabelecer doutrina.

Critérios Teológicos:

Falta de Alegação de Inspiração Divina: Muitos dos livros apócrifos não reivindicam inspiração divina da mesma forma que os livros canônicos. Alguns, inclusive, contêm prefácios que sugerem uma origem humana comum (ex: prefácio de 2 Macabeus).

Contradições Doutrinárias e Históricas: Os reformadores e outros críticos apontaram para o que consideravam erros históricos, geográficos e teológicos nos apócrifos, bem como doutrinas que não se alinhavam com o restante das Escrituras canônicas (ex: orações pelos mortos em 2 Macabeus 12:43-45, justificação pelas obras, etc.).

Em resumo, a exclusão dos apócrifos, especialmente na tradição protestante, foi um processo histórico impulsionado pela busca de retornar às fontes originais do cânon judaico, pelo testemunho de importantes figuras da Igreja primitiva e por preocupações teológicas sobre a autoridade e consistência doutrinária desses escritos em relação ao corpo principal das Escrituras. É importante notar que as Igrejas Católica e Ortodoxa continuam a considerar esses livros como parte de seu cânon, denominando-os “deuterocanônicos”.

Uma vez que o cristianismo se tornou a religião oficial do Império e que os bispos cristãos declararam heréticos certos textos, além de penalizarem sua posse, inicia-se o processo de perseguições muito intenso contra todos os Evangelistas Gnósticos.
Assim, começa a caçada a todos os gnósticos valentinianos e outros grupos e, em consequência, a posse de textos evangélicos foi considerada um delito grave.

O Silêncio:

Os Evangelhos foram silenciados devido a uma luta de poder no seio do Cristianismo.
De fato, nos primeiros séculos do Cristianismo desenvolveu-se um silencioso combate. Os gnósticos, que desejavam uma relação direta com Deus e que tinham seus próprios evangelhos, confrontaram-se com uma crescente hierarquia de cristãos ortodoxos que só aceitavam quatro evangelhos.
Eventualmente, os gnósticos foram vencidos, mas a descoberta de seus evangelhos pôde lhes devolver a palavra.

Quem escondeu os evangelhos Apócrifos e por quê?

Apócrifos de Nag Hammadi
Felizmente, como nem tudo é trevas e sempre há saídas, contam que nessa região do Egito, segundo nos traz a introdução de uma obra chamada The Nag Hammadi Library in English, há a suspeita de que estes códices podem ter pertencido ao monastério de São Pacômio.
Acredita-se que estes teriam sido enterrados após o bispo Atanásio de Alexandria ter condenado, em 367 (ano da efetivação das decisões tomadas pela escolha dos quatro evangelhos Canônicos e destruição dos demais textos), a destruição dos Evangelhos Proibidos em sua Carta Festiva.

Nesse contexto, para evitar a destruição dos textos, alguns monges, vendo que aquilo era uma afronta à inteligência humana, teriam, em um ato de preservação e também de tamanha importância, pegado os livros proibidos e os escondido em potes de barro na base de um penhasco chamado Djebel El-Tarif. Lá, ficariam longe do olhar dos perseguidores e protegidos por mais de 1500 anos.

O que temos na Biblioteca de Nag Hammadi?

Dos 53 textos encontrados, 40 eram inéditos; outros, já havia na Grécia e Egito comentários a respeito de sua existência. Chama-se biblioteca porque, além dos textos gnósticos cristãos, temos outros escritos, inclusive anteriores a Jesus Cristo.

Existem textos da Gnosis grega, egípcia, e também tratados de Hermes Trismegisto. Atualmente, essa biblioteca está no Cairo. Embora tenha rodado países poderosos da época de seu achado, como França e Inglaterra, com intervenções da ONU, voltou ao Cairo. Apenas um ficou com a Fundação Jung.

O Códice de Jung

O Códice I de Nag Hammadi, também conhecido como Códice Jung (pois foi adquirido pelo Instituto C.G. Jung de Zurique), é um dos treze códices de papiro encadernados em couro descobertos em Nag Hammadi, no Egito, em 1945.
Ele contém cinco tratados gnósticos escritos em copta (dialeto saídico):

Os Códices:

A Oração do Apóstolo Paulo: Um breve texto de oração com temas gnósticos.

O Apócrifo de Tiago: Também conhecido como a “Epístola Secreta de Tiago”, apresenta um diálogo pós-ressurreição entre Jesus e seus discípulos Tiago e Pedro.

O Evangelho da Verdade: Um dos textos mais famosos da biblioteca de Nag Hammadi, que é atribuído por alguns estudiosos ao teólogo gnóstico Valentim. Trata-se de uma meditação poética sobre a natureza do Pai, do Filho (Logos) e do erro (ignorância), bem como sobre a redenção através do conhecimento (Gnosis).

O Tratado sobre a Ressurreição: Uma carta a um certo Regino, que explica a natureza da ressurreição, não só como uma ressurreição física da carne, mas como uma transformação espiritual e a ascensão da alma.

O Tratado Tripartite: O mais longo texto do Códice I, sendo uma obra sistemática e complexa que descreve a cosmogonia, antropologia e soteriologia valentinianas. Ademais, detalha a emanação do Pleroma (plenitude divina), a queda de Sofia (Sabedoria) e o plano de salvação.

Os textos do Códice I, assim como todos os outros da biblioteca de Nag Hammadi, foram traduzidos para diversas línguas modernas, incluindo o português.
O códice I, que é chamado de Códice de Jung, identificou na natureza humana a força da psique, o Consciente e o inconsciente coletivo.

O interessante é que, embora tenha sido escrito no século II, ainda no século XX, onde foi encontrado, corroborou com um psiquiatra tão renomado. Aí vemos que a verdade transcende espaço e tempo, sendo, portanto, universal e servindo a uma eternidade.

Lista dos Principais Evangelhos Apócrifos: Um Mergulho nos Textos

O Protoevangelho de Tiago: Detalhes sobre Maria e o Nascimento

“A Infância de Cristo Segundo Tiago”

O Protoevangelho de Tiago: Uma Narrativa Exuberante de Milagres e Fé


Embora publicado em fins do século XVI, não se sabe exatamente ainda qual a época em que foi escrito. No entanto, os maiores estudiosos dos Livros Apócrifos afirmam que é anterior aos Quatro Evangelhos Canônicos, servindo, em muitos aspectos, como base para estes.

O Protoevangelho de Tiago, também conhecido como o Evangelho Apócrifo da Infância de Cristo Segundo Tiago, é um texto antigo. Ele detalha, de forma vívida e repleta de milagres, os eventos que antecedem e cercam a infância de Jesus Cristo. Além disso, a narrativa enfatiza a constante intervenção divina na vida de figuras centrais como Joaquim, Ana, Maria e José.

As Origens: Joaquim, Ana e o Nascimento Milagroso de Maria


A história se inicia com Joaquim, um homem rico, piedoso e membro das doze tribos de Israel. Conhecido por suas generosas oferendas, Joaquim retira-se ao deserto em penitência, buscando assim o favor divino para superar a dor da esterilidade.

O Lamento de Ana e a Anunciação

Paralelamente, Ana, esposa de Joaquim, lamenta profundamente sua incapacidade de conceber. Contudo, sua esperança é reacendida quando um anjo lhe anuncia que seus rogos foram ouvidos e que ela conceberá. Diferentemente de outras narrativas, o fruto desta promessa divina é uma menina, a quem dão o nome de Maria.

A Educação Sagrada de Maria e a Escolha de José


Maria é apresentada desde cedo como uma criança abençoada, sendo criada sob os estritos preceitos e na santidade do Templo.

Vida no Templo: Sua educação espiritual é imersa em hinos, orações e momentos de contemplação, assegurando assim sua pureza e imaculabilidade aos olhos de Deus.

José, o Guardião da Virgem


Com o passar do tempo, José é designado como guardião de Maria. Então, a narrativa explora seus momentos de incerteza e temor ao se deparar com o mistério da concepção virginal de Jesus. No entanto, uma aparição angelical o conforta, confirmando o milagre operado pelo Espírito Santo. Ademais, essa intervenção divina também previne julgamentos injustos, provando a pureza de Maria e a bênção sobre sua família.

Sinais Divinos e o Nascimento de Jesus em Meio a Milagres


O Protoevangelho de Tiago prossegue relatando uma série de acontecimentos extraordinários, os quais sublinham a natureza divina dos eventos:

Milagres na Natureza e Sinais Celestiais: A narrativa é pontuada por milagres naturais, sinais nos céus e a constante atuação de anjos, que guiam os passos dos fiéis e dos sacerdotes. Esses elementos, portanto, reforçam a iminência da manifestação da salvação.

Nascimento de Jesus: O nascimento do menino (Maria, como fruto da promessa a Ana) ocorre em meio a sinais sobrenaturais, tais como nuvens luminescentes e premonições que associam seu destino à redenção de Israel.

A Chegada dos Magos e a Fúria de Herodes


O relato se estende à icônica chegada dos magos:

Guiados por uma estrela radiante, eles reconhecem no recém-nascido (Jesus, através de Maria) a promessa de um Messias.

Este reconhecimento, contudo, desperta a ira do Rei Herodes, que ordena medidas drásticas, criando assim um contexto de tensão política e espiritual que evidencia o papel central da figura divina desde seus primeiros momentos.

O Plano Divino e o Legado do Protoevangelho de Tiago


Por fim, o evangelho apócrifo enfatiza a continuidade do plano divino através dos descendentes e do Templo, preparando assim o cenário para a futura revelação do Menino que salvará o povo de seus pecados. Embora a tradição atribua a escrita a Tiago, a autoria é considerada desconhecida pelos estudiosos modernos.

A narrativa se encerra com uma reflexão de louvor a Deus e um convite à fé, marcando a história sagrada que liga o nascimento à promessa de redenção.

ENTRE EM CONTATO

Compreendendo Esotericamente um Fragmento do Evangelho de Tiago segundo a Gnosis.

Os mistérios ocultos nesta história se desvelam através de um matrimônio entre Joaquim e Ana, bem como no nascimento milagroso de Maria. Estes não são meros relatos históricos, mas sim a expressão viva das Leis Cósmicas que regem a manifestação do Divino. São, de fato, as três Forças da Criação em ação.

Maria, a Virgem do Protoevangelho, representa o Eterno Feminino, purificada e preparada desde o início no Templo da Vida, sendo educada nos Mistérios Sagrados. Sua imaculabilidade não é um dogma morto, mas sim o resultado de um trabalho interior profundo, a preparação do Vaso Hermético para que o Cristo Cósmico, o Logos Solar, possa encarnar.

Assim como Ana concebeu milagrosamente a Maria, a Mãe Divina Kundalini deve despertar em nós para que o Cristo Íntimo possa nascer em nosso coração-templo.

Citação: Maria, a mãe de Jesus, é a mesma Ísis, Juno, Deméter, Ceres, Maia etc.; a Mãe Cósmica ou Kundalini (fogo sexual) do qual sempre nasce o Cristo Cósmico.
O Matrimônio Perfeito – VM Samael Aun Weor.pdf – Página: 15

O lugar de nascimento de Jesus tem os divinos atributos de Krishna, Buddha, Zeus, Júpiter, Apolo. Todos eles nascem de uma virgem. Realmente, o Cristo nasce sempre da Virgem Mãe do mundo. Todo Mestre pratica Magia Sexual e, falando em sentido simbólico, podemos afirmar que, dentro do ventre da esposa sacerdotisa, nasce o Cristo.

As Deusas Ísis, Juno, Deméter, Ceres, Vesta, Maia, foram então personificadas na Mãe do Hierofante Jesus. A hebreia Maria foi uma grande Iniciada. Isto o sabe todo ocultista. Todas estas Deusas-mães bem podem representar à Divina Mãe Kundalini, da qual sempre nasce o Verbo Universal da Vida.

O Matrimônio Perfeito – VM Samael Aun Weor.pdf – Página: 387

O Evangelho da Infância de Tomé: Milagres e Relatos Controversos

Evangelho da Infância de Tomé: Milagres e Segredos da Infância de Jesus


O Evangelho da Infância de Tomé é um texto apócrifo que narra os milagres de Jesus criança, dos 5 aos 12 anos. Ele mostra os poderes divinos, a sabedoria e os eventos sobrenaturais da infância do Salvador, os quais estão ausentes nos evangelhos canônicos. Além disso, este texto tem um olhar único sobre a cristologia primitiva e as tradições cristãs sobre os anos formativos de Jesus.

O Que é o Evangelho da Infância de Tomé? Uma Visão Geral

O Evangelho da Infância de Tomé é um proeminente evangelho apócrifo cristão, tradicionalmente atribuído a “Tomé, filósofo israelita”. Este documento singular foca nos anos formativos de Jesus Cristo, especificamente entre os cinco e os doze anos de idade.

Diferentemente dos evangelhos canônicos, que oferecem poucos detalhes sobre este período, este texto apócrifo apresenta uma narrativa rica em milagres extraordinários e eventos sobrenaturais protagonizados por um Jesus menino, já dotado de poderes divinos.

Principais Milagres e Características da Infância de Jesus Segundo Tomé:


Este evangelho se destaca por revelar tanto a natureza divina quanto a humanidade do jovem Jesus, mostrando-o, inclusive, aprendendo a utilizar seus poderes. Entre os milagres mais notáveis, destacam-se:

Os Pássaros de Barro Vivos (Cap. II): Aos cinco anos, Jesus modela doze pássaros de barro que ganham vida e voam ao seu comando, demonstrando assim seu poder e sabedoria.

Sabedoria Precoce e Conhecimento Divino (Caps. VI-VIII): Jesus surpreende mestres como o rabino Zaqueu com um conhecimento profundo e sobrenatural das letras e da Lei, muito além de sua idade.

Ressurreições (Caps. IX, XVII, XVIII): O evangelho narra múltiplas ressurreições realizadas por Jesus menino, como a de Zenon (para provar sua inocência), um menino doente e um trabalhador morto em uma construção.

Curas e Controle sobre a Natureza (Caps. X, XI, XVI): Inclui a cura instantânea do pé de um lenhador, o milagre de carregar água em seu manto após quebrar um cântaro, e salvar seu irmão Tiago de uma picada de cobra.

Milagres de Provisão e Trabalho (Caps. XII, XIII): Jesus multiplica um único grão de trigo em uma colheita abundante e também estende uma tábua de madeira curta para o trabalho de carpintaria de José.

Jesus no Templo aos Doze Anos (Cap. XIX): O texto culmina com o conhecido episódio onde Jesus, aos doze anos, debate com os doutores da Lei no Templo, maravilhando a todos com sua sabedoria.

O Evangelho da Infância de Tomé é um intrigante texto apócrifo que oferece uma perspectiva única sobre a infância de Jesus Cristo, sendo esta repleta de milagres e sabedoria iniciática.

Embora não canônico, seu valor como documento histórico, obra literária e, principalmente, ensinamento ocultista, persiste, revelando como as primeiras comunidades cristãs compreendiam a natureza extraordinária do ensinamento deixado pelo Cristo.

Compreendendo Esotericamente um Fragmento do Evangelho da Infância de Tomé segundo a Gnosis.

Citação: Samael Aun Weor 134 Trabalhando sobre nós mesmos diariamente, comeremos desse Pão e com ele despertaremos nossa Consciência.

(…) Diz-se que o Grande Kabir Jesus dava a visão aos cegos, a audição aos surdos, a palavra aos mudos, etc., mas é preciso saber entender tudo isso:

É abrir os olhos daqueles que não queriam ver as coisas do Espírito, fazer entender a Palavra de Deus àqueles que eram surdos para escutar a sabedoria , ou seja, aqueles que não tinham nenhum interesse pelos Ensinamentos; graças ao trabalho do Grande Mestre, converteram-se em seus seguidores, aprenderam a escutar a Sabedoria, a ver o Caminho, a falar a Palavra os mudos que jamais haviam falado a Palavra do Espírito, aqueles que só articulavam as frases do Ego, puderam, graças ao Ensinamento Crístico do Mestre, dissolver o Ego, para conversar na linguagem da Luz.

Abraxas – VM Samael Aun Weor – Página: 116

Evangelhos Apócrifos de Ditados e Sabedoria

O Evangelho Apócrifo de Tomé: Coleção de Ditos Atribuídos a Jesus (Relação com Gnosis)

O Que é o Evangelho de Tomé? Uma Visão Gnóstica


O Evangelho de Tomé é, sem dúvida, um dos mais significativos textos gnósticos cristãos, descoberto em 1945 em Nag Hammadi, Egito. Este evangelho apócrifo, por sua vez, consiste em 114 ditos secretos (logia) atribuídos a Jesus Cristo, os quais foram supostamente registrados pelo apóstolo Dídimo Judas Tomé.

Diferentemente dos evangelhos canônicos narrativos, o Evangelho de Tomé é uma coleção de ensinamentos esotéricos. Estes ensinamentos enfatizam o autoconhecimento e a iluminação espiritual como caminhos para a divindade.

Descoberta e Importância Histórica:


De fato, encontrado junto a outros manuscritos gnósticos, este texto, datado entre os séculos I e II d.C., revolucionou a compreensão do cristianismo primitivo e, igualmente, da diversidade de suas crenças.

Principais Ensinamentos Gnósticos do Evangelho de Tomé:

Os ensinamentos centrais do Evangelho de Tomé incluem:

O Reino Interior: Primeiramente, o Reino dos Céus não é um lugar, mas sim um estado de consciência alcançado pelo autoconhecimento (“o reino está dentro de vós, e também está em vosso exterior”).

Conhecimento Secreto (Gnosis) para a Salvação: Ademais, a chave para não “provar a morte” reside em descobrir o significado interior dos ensinamentos Crísticos.

Conciliação dos Opostos: Para entrar no Reino, é necessário entender e conciliar as dualidades, tais como interior/exterior, masculino/feminino, acima/embaixo.
Trata-se, portanto, de transcender a lei Hermética da CORRESPONDÊNCIA.

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Crítica a Práticas Religiosas Externas: Além disso, questiona a validade de jejuns, orações e esmolas realizadas sem compreensão interior, o que poderia gerar “pecado” ou “condenação”.

Ditos Chave e Características Gnósticas:

Natureza Divina Imanente: “Eu sou a luz que está sobre todos eles… Rachai um pedaço de madeira, e eu estou lá. Levantai a pedra e me encontrareis lá” (Dito 77).

Autoconhecimento como Chave: “Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo” (Dito 3).

Controvérsias e Relação com o Cristianismo Ortodoxo:

Questão de Gênero: O controverso Dito 114, onde Jesus transformaria Maria Madalena em “macho” para entrar no Reino, reflete conceitos gnósticos sobre graus de iniciações muito elevados. Está se referindo, especificamente, à Iniciação Venusta.

Influência e Relevância Contemporânea: O Evangelho de Tomé continua a influenciar estudos bíblicos modernos, Escolas Esotéricas, bem como a filosofia mística, as pesquisas sobre o Jesus histórico e principalmente dos ensinamentos deixados pelo mesmo. Ademais, sua estrutura de 114 ditos, sem ordem cronológica aparente, foca em temas como autoconhecimento, transcendência e unidade mística.

Evangelhos da Paixão e Ressurreição

O Evangelho Apócrifo de Pedro: Uma Perspectiva Diferente da Crucificação

Evangelho de Pedro: A Paixão e Ressurreição de Jesus no Texto Apócrifo [Fragmento de Akhmim]

O Evangelho de Pedro é um texto apócrifo crucial que narra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus de forma única. Ele foi descrito como Fragmento de Akhmim, o qual detalha a crucificação, o papel de Herodes, o silêncio de Jesus e seu clamor na cruz. Trata-se, portanto, de uma visão diferente e valiosa sobre o cristianismo primitivo e os eventos da Páscoa.

O Que é o Evangelho de Pedro? Um Olhar sobre o Fragmento de Akhmim

O Evangelho de Pedro é um importante texto apócrifo; ou seja, não faz parte do cânon bíblico oficial da maioria das tradições cristãs. O que conhecemos dele provém, principalmente, do Fragmento de Akhmim, descoberto no Egito em 1886.

Este fragmento é de grande valor porque narra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, apresentando, assim, algumas particularidades em relação aos evangelhos canônicos.

É crucial notar que, por ser um fragmento, não possuímos o texto completo, mas sim uma porção significativa que cobre a crucificação e os eventos subsequentes.

Principais Eventos da Crucificação no Evangelho de Pedro (Fragmento de Akhmim):


O fragmento detalha a sequência dos eventos da Paixão com nuances distintivas:

Julgamento e Responsabilidade (Caps. 1-2):

Diferentemente dos canônicos, o texto sugere que nem os judeus, nem Herodes Antipas (que ordena a execução), lavaram as mãos, enquanto Pilatos se levanta quando os outros se recusam. Isso, consequentemente, tende a colocar maior responsabilidade sobre Herodes e os líderes judeus. Pilatos, aí, representa a má vontade.

José de Arimateia, descrito como “amigo de Pilatos e do Senhor”, pede o corpo de Jesus a Pilatos, que, por sua vez, o solicita a Herodes. Herodes concede, mencionando a necessidade de sepultar o corpo antes do sábado.

Zombaria e Preparação para a Crucificação (Cap. 3):

Jesus é levado, empurrado e, além disso, ridicularizado como “Filho de Deus”.

Vestem-no com púrpura, colocam-no em uma cadeira de juiz e o coroam com espinhos, enquanto outros cospem, batem e o açoitam.

A Crucificação (Cap. 4):

Jesus é crucificado entre dois malfeitores. Uma frase notável é: “Mas ele permaneceu em silêncio, como se não sentisse dor alguma” (4.10).

O título na cruz é: “INRI”. Em Esoterismo: (IGNIS NATURA RENOVATUR INTEGRAM): O Fogo Renova Incessantemente a Natureza.

Um dos malfeitores repreende os algozes, defendendo Jesus. Em retaliação, ordenam que suas pernas não sejam quebradas, para assim prolongar seu tormento.

Morte de Jesus e Fenômenos Naturais (Cap. 5):
Eventos Pós-Morte e Sepultamento (Cap. 6):

O véu do templo se rasga; além disso, a terra treme.

Os pregos são removidos, e Jesus é posto no chão. Então, o sol volta a brilhar na nona hora.

Os judeus entregam o corpo a José, que o lava, envolve em linho e, finalmente, o sepulta em seu próprio túmulo, o “Jardim de José”.

Reação dos Envolvidos e dos Discípulos (Cap. 7):

Os judeus, anciãos e sacerdotes se arrependem, temendo o julgamento.

Significado do Evangelho de Pedro:


Este fragmento apócrifo oferece uma perspectiva fascinante e distinta sobre a Paixão de Cristo. Sem dúvida, é um documento valioso para o estudo do cristianismo primitivo, revelando assim a diversidade das primeiras tradições e interpretações dos eventos centrais da fé cristã.

Compreendendo Esotericamente o Evangelho Apócrifo de Pedro segundo a Gnosis.

Citação: “A Semana Santa, se é chamada ‘Santa’, é por isso mesmo: porque é a Semana na qual se tem que viver o Drama Cósmico, e cada um desses dias equivale a longos períodos de trabalho.

Mas, afinal de contas, A Grande Obra resume-se sempre, simbolicamente, no livro de Jó, nos oito anos de Jó (são o súmum ou o extrato em si); mas, em seu conjunto, a Grande Obra, pois, embora se resuma em Oito Dias, em Oito Anos totalmente (juntamente com a Ressurreição e tudo), quer dizer, a Semana Santa pode durar muitos anos, não é?

Em todo caso, cada um tem que viver sua Semana Santa, não é verdade? O Filho do Homem vive a sua; quando o Filho do Homem nasce no ‘presépio’, ele deve viver a sua Semana Santa, realizar todo o trabalho na sua Semana Santa.”

O Quinto Evangelho – VM Samael Aun Weor – Página: 2018

Evangelhos Apócrifos Judaico-Cristãos

O Evangelho dos Hebreus: Tradições e Usos

Evangelho dos Hebreus: O Texto Apócrifo Judaico-Cristão e Seus Ensinamentos Únicos sobre Yeshua


O Evangelho dos Hebreus é um texto apócrifo cristão primitivo usado pelos nazarenos e outras comunidades judaico-cristãs. Ele mostra em seus escritos ensinamentos únicos sobre Yeshua (Jesus), a preservação de termos hebraicos como Ruach HaKodesh (Espírito Santo), e sua perspectiva autêntica sobre a genealogia, batismo e milagres. Consequentemente, oferece insights valiosos sobre as origens judaicas do cristianismo.

O Que é o Evangelho Apócrifo dos Hebreus? Uma Perspectiva Judaico-Cristã


O Evangelho dos Hebreus é um dos mais importantes textos apócrifos cristãos primitivos, sendo especialmente valorizado pelas comunidades judaico-cristãs dos primeiros séculos. Testemunhado por figuras como Eusébio e Jerônimo, era considerado o “evangelho que os nazarenos usam”. Este texto destaca-se porque preserva uma tradição cristã profundamente enraizada no judaísmo, utilizando, para isso, nomes e termos hebraicos originais.

Características Distintivas e Terminologia Hebraica:

Perspectiva Autêntica: Mantém nomes como Yeshua (Jesus), Miriyam (Maria), Yochanan (João) e Kefá (Pedro).

Linguagem Preservada: Utiliza termos hebraicos tais como Ruach HaKodesh (Espírito Santo), Teshuvá (arrependimento), Talmidim (discípulos), Mashiach (Messias), Shabat (sábado) e Tsedaká (justiça/caridade).

Conteúdo e Ensinamentos Únicos do Evangelho dos Hebreus:
Genealogia e Nascimento de Yeshua (Cap. 1):

Este evangelho apresenta uma genealogia davídica que chega a Yossef (José) como pai de Miriyam (Maria), sugerindo assim uma visão única sobre a paternidade de Maria.

Ademais, preserva a narrativa da concepção virginal pela Ruach HaKodesh com nuances linguísticas hebraicas.

Também descreve os visitantes orientais (magos) como “prosélitos” (convertidos ao judaísmo).

Batismo de Yeshua e a Voz Celestial (Cap. 3):

Uma passagem notável mostra Yeshua questionando a necessidade de seu batismo: “Que pecado cometi para que vá e seja imergido por ele?”

A voz celestial durante o batismo expande: “Meu Filho, em todos os profetas Eu esperava por ti… Tu és o Meu repouso; e Tu és o Meu Primogênito, que reina para sempre.”

Tentações e o Espírito Santo como “Mãe” (Cap. 4):

Inclui uma citação de Yeshua: “Assim minha mãe a Ruach HaKodesh me tomou por um de meus fios de cabelo, e me carregou até o grande monte Tabor.” Esta referência, por sua vez, reflete tradições místicas judaicas sobre a Shekinah (presença divina feminina).

O Sermão da Montanha Hebraico (Caps. 5-7):

As bem-aventuranças usam termos como “tsedaká” (justiça) e “shalom” (paz).

Yeshua afirma: “Não penseis que vim abolir a Torá ou os profetas… mas para torná-los plenos.”

A Oração do Pai Nosso inicia com “Avinu Shebashamayim” e menciona “o pão de amanhã”, possuindo conotação escatológica.

Milagres Distintivos:
Cura no Shabat (Cap. 12):

Apresenta um diálogo com um homem de mão atrofiada que era escultor, humanizando assim a narrativa.

Pássaros de Barro (Cap. 10):

O jovem Yeshua dá vida a pássaros de barro, um milagre da infância não presente nos canônicos.

Perspectivas Teológicas e Importância Histórica:

Cristologia Judaico-Cristã: Apresenta Yeshua como o cumprimento das profecias judaicas, em continuidade com as tradições hebraicas.

Pneumatologia Feminina: Destaca-se também a referência ao Espírito Santo como “mãe”.

Contexto do Cristianismo Primitivo: Oferece insights sobre o cristianismo judaico e suas interpretações dos ensinamentos de Jesus, demonstrando assim a diversidade das primeiras comunidades cristãs.

Tradições Orais: É possível que preserve tradições orais autênticas não encontradas nos evangelhos canônicos.

Influência, Legado e Relevância Contemporânea:
O Evangelho dos Hebreus serviu como texto sagrado para os nazarenos e, além disso, foi reconhecido por Padres da Igreja como Jerônimo e Eusébio.

Diálogo Judaico-Cristão: Este evangelho oferece pontes para compreensão mútua.

Espiritualidade Cristã: Ademais, enriquece a compreensão das raízes judaicas da fé.

Estudos Acadêmicos: Por fim, fornece evidências cruciais sobre a diversidade do cristianismo primitivo.

Evangelhos Gnósticos: Conhecimento Oculto e Revelações

Evangelho Apócrifo de Judas: A Missão Secreta de Entregar Jesus

O Evangelho de Judas é um fascinante texto gnóstico apócrifo que oferece uma visão radicalmente diferente de Judas Iscariotes. Ele mostra como Jesus instruiu Judas a “traí-lo” para, assim, mostrar ao mundo o caminho da Redenção. Além disso, também revela mistérios do reino e o papel de Judas como discípulo especial.

O Que é o Evangelho de Judas? Uma Perspectiva Gnóstica


O Evangelho de Judas é um impactante texto gnóstico, redescoberto e traduzido no início do século XXI. Recuperado do antigo Códice Tchacos, este evangelho apócrifo, embora fragmentado, oferece uma perspectiva radicalmente diferente sobre Judas Iscariotes e sua relação com Jesus.

A ideia central é que o próprio Jesus instruiu Judas a “entregá-lo”, não como um ato de traição, mas sim como uma missão crucial. Nesta visão, Judas emerge como o discípulo mais compreensivo, sendo capaz de ajudar Jesus a cumprir sua missão.

A Missão de Judas: Revelações Secretas de Jesus


O Evangelho de Judas detalha conversas secretas onde Jesus revela a Judas seu papel especial:

Judas como Discípulo Escolhido:

Enquanto os outros discípulos “não compreendem” Jesus plenamente, Judas Iscariotes demonstra um entendimento superior, reconhecendo a origem divina de Jesus (“Tu és do reino imortal de Barbēlō”).

Jesus escolhe Judas para revelar “os mistérios do reino”, dizendo: “Separa-te dos outros, e eu te contarei os mistérios do reino.”

A Instrução para “Sacrificar o Homem que Veste Jesus”:

A revelação mais crucial é a instrução direta de Jesus a Judas: “Mas tu ultrapassarás todos eles. Pois tu sacrificarás o homem que me veste.”

Esta frase é central para a interpretação gnóstica: ao “entregar” o corpo físico de Jesus às autoridades, Judas estaria ajudando o espírito divino de Jesus a se libertar e, consequentemente, cumprir a missão cósmica que lhe cabia.

O Destino de Judas: Maldição e Exaltação:

Jesus prediz que Judas será amaldiçoado por gerações (“Tu te tornarás o décimo terceiro, e serás amaldiçoado pelas outras gerações”), mas também que, no final, ele alcançará uma posição de destaque ou “virá a governar sobre elas”.

Sua “traição” é, portanto, um ato necessário e divinamente ordenado, embora doloroso e fadado à incompreensão.

Conhecimento Secreto (Gnosis):

O evangelho enfatiza o conhecimento secreto (Gnosis) que Jesus revela exclusivamente a Judas, diferenciando-o assim dos outros apóstolos. Jesus ensina a Judas sobre “segredos que nenhuma pessoa jamais viu”, incluindo a natureza do reino espiritual.

A “Entrega” como Cumprimento da Missão:
Interpretação e Pontos-chave do Evangelho de Judas:

Judas como Discípulo Especial: Ele é retratado como o único capaz de entender a verdadeira missão de Jesus.

Libertação do Corpo Físico: A “entrega” é vista como um meio para Jesus transcender o mundo material e deixar o seus ensinamentos através do drama que viveu durante o calvário. Portanto, este grandioso ensinamento será entendido e praticado esotericamente pelos que buscam o Caminho da Autorrealização Íntima do Ser. .

Natureza da “Traição”: É reinterpretada como um ato de obediência e compreensão profunda, sendo essencial para o plano divino.

Importância da Gnosis: O conhecimento Hermético é fundamental para a compreensão e a salvação.

Contexto e Significado:


O Evangelho de Judas é um texto apócrifo e gnóstico, datado provavelmente do século II d.C. Sua visão contrasta fortemente com os evangelhos canônicos, que pintam Judas como um traidor. Este evangelho, por sua vez, é extremamente valioso por iluminar a diversidade do pensamento cristão nos primeiros séculos e por oferecer uma interpretação alternativa e provocadora de uma das figuras mais controversas da narrativa bíblica.

O Evangelho de Maria Madalena: O Papel Feminino e a Sabedoria Interior

Evangelho de Maria Madalena: Ensinamentos Secretos e a Autoridade Feminina no Texto Apócrifo Gnóstico


O Evangelho de Maria Madalena é um fascinante texto apócrifo gnóstico que revela Maria Madalena como discípula privilegiada de Jesus, sendo ela detentora de ensinamentos secretos. Ademais, o texto explora uma visão mística e a natureza do pecado, a jornada da alma e o conflito com os apóstolos sobre a autoridade feminina no cristianismo primitivo.

O Que é o Evangelho de Maria Madalena? Uma Perspectiva Gnóstica


O Evangelho de Maria Madalena é um significativo texto apócrifo cristão, provavelmente escrito no século II d.C. Este evangelho gnóstico, conhecido através de fragmentos coptas, apresenta Maria Madalena não apenas como uma seguidora, mas também como uma discípula proeminente a quem Jesus confiou ensinamentos secretos e revelações especiais, muitas vezes não compartilhadas com os outros apóstolos.
O texto destaca conversas íntimas entre Jesus e Maria, estabelecendo-a, assim, como uma figura de autoridade espiritual e conhecimento esotérico.

Principais Ensinamentos e Revelações no Evangelho Apócrifo de Maria Madalena:
Natureza do Pecado e Redenção:

Jesus revela uma compreensão radical: “Não há pecado; sois vós que os criais.” Isso sugere que o pecado não é inerente, mas sim uma criação humana contrária à natureza divina.

Unidade Universal e Retorno à Origem:

O Salvador ensina: “Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras.” Este conceito gnóstico, por sua vez, enfatiza a interconexão e o retorno de toda essência à sua origem divina.

O Filho do Homem Interior:

Uma revelação central é que “o Filho do Homem está dentro de vós,” indicando que a divindade é uma realidade interna a ser descoberta.

A Visão Mística de Maria Madalena e a Jornada da Alma:

Diálogo sobre Percepção Espiritual: Maria relata uma visão onde Jesus explica que as visões são percebidas “com a consciência, que está entre [a alma e o espírito].”

Ascensão da Alma: O texto descreve alegoricamente a jornada da alma superando quatro potências ou obstáculos espirituais (Desejo, Ignorância, e outras duas), incluindo as sete formas da quarta potência (Trevas, Desejo, Ignorância, Comoção da morte, Reino da carne, Vã sabedoria da carne, Sabedoria irada).

Conflito com os Apóstolos e a Defesa de Levi:

Resistência à Autoridade Feminina: O evangelho expõe tensões, com Pedro e André questionando se Jesus realmente compartilhou ensinamentos secretos com uma mulher em particular, resistindo assim à sua autoridade.

Defesa de Levi (Mateus?): Levi defende Maria, afirmando: “Se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós.”

Características Gnósticas e Temas Centrais:

Conhecimento Esotérico (Gnosis): Enfatiza revelações secretas concedidas a Maria.

Salvação pela Consciência: O despertar da consciência e a transcendência são caminhos para a salvação.

Crítica à Institucionalização: Jesus adverte contra estabelecer “outras regras” além das que o Cristo ensinou.

Autoridade Feminina: Apresenta Maria Madalena como líder espiritual legítima.

Experiência Mística Direta: Valoriza a visão e o conhecimento direto sobre a doutrina.

Transcendência Material: A jornada da alma simboliza a superação das limitações materiais.

Significado Contemporâneo e Influência:

O Evangelho de Maria Madalena é crucial para:

Estudos de Gênero: Pois evidencia o papel proeminente das mulheres no cristianismo primitivo.

Estudos Bíblicos: Além disso, oferece insights sobre a diversidade teológica e tensões no cristianismo inicial.
O Evangelho de Maria Madalena é, sem dúvida, um dos mais importantes textos apócrifos para entender a complexidade do cristianismo primitivo. Seus ensinamentos sobre consciência interior, transcendência espiritual e a proeminência da autoridade feminina através da figura de Maria Madalena continuam a ser profundamente relevantes para estudiosos e buscadores espirituais, oferecendo assim uma perspectiva alternativa e enriquecedora sobre os ensinamentos cristãos.

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Outros Textos Gnósticos Relevantes (Valentim e Filipe).

Valentim, o Gnosticismo e o Evangelho da Verdade: A Gnosis de Nag Hammadi

Valentim (Valentino), influente teólogo gnóstico do século II, e sua conexão com o Evangelho da Verdade representam um texto chave do gnosticismo encontrado em Nag Hammadi.
Trata-se de uma obra apócrifa, tendo seu foco no conhecimento profundo e em como ela difere dos evangelhos narrativos tradicionais. Consequentemente, oferece uma visão única sobre Jesus e a busca pela Verdade.

Valentim: Um Pilar do Gnosticismo do Século II


Valentim (ou Valentino) destaca-se como um dos mais influentes e sofisticados teólogos do gnosticismo durante o século II d.C. Sua escola de pensamento, conhecida como Valentiniana, teve um impacto profundo nas primeiras comunidades cristãs, oferecendo interpretações complexas sobre a divindade, a criação e a salvação.

Existe um “Evangelho de Valentim”? A Conexão com o Evangelho da Verdade


Primeiramente, é crucial esclarecer que, diferentemente de textos como o “Evangelho de Tomé” ou o “Evangelho de Judas”, não existe um manuscrito antigo descoberto que seja explicitamente intitulado “O Evangelho de Valentim.”

No entanto, um texto fundamental encontrado na biblioteca de Nag Hammadi (códigos NHC I,3 e XII,2), chamado “Evangelho da Verdade” (Evangelium Veritatis), é amplamente atribuído pelos estudiosos a Valentim ou, no mínimo, à sua escola de pensamento.

Esta atribuição, ademais, é reforçada por Ireneu de Lião, um pai da Igreja do século II que escreveu extensivamente contra os gnósticos, mencionando que os seguidores de Valentim utilizavam um “Evangelho da Verdade”. Assim sendo, a maioria dos especialistas concorda que o texto de Nag Hammadi é provavelmente este evangelho mencionado por Ireneu.

Características Distintivas do Evangelho da Verdade:

O Evangelho da Verdade possui características que o diferenciam significativamente dos evangelhos canônicos e de outros textos apócrifos:

Natureza Não Narrativa:

Ao contrário de Mateus, Marcos, Lucas, João, ou mesmo de apócrifos como o Evangelho de Pedro, o Evangelho da Verdade não narra a vida, os milagres ou a paixão de Jesus de forma cronológica ou biográfica.

Meditação Teológica e Poética:

É mais comparável a um sermão, homilia ou um tratado teológico poético.

Além disso, reflete profundamente sobre a natureza de Deus (o Pai Incognoscível), a vinda do Filho (Jesus, o Verbo/Logos), a condição de ignorância humana, o conhecimento salvífico (Gnosis) e a natureza do Erro (Planē).

Linguagem Simbólica e Abstrata:

Este texto utiliza uma linguagem rica em metáforas, alegorias e conceitos filosóficos abstratos, típica do pensamento gnóstico valentiniano.

Foco Central na Gnosis (Conhecimento):

A salvação, segundo o Evangelho da Verdade, não vem primariamente pela fé ou por obras, mas sim através da Gnosis (conhecimento revelado).

Jesus, o Salvador, é aquele que traz este conhecimento, dissipando assim a ignorância e o Erro. Isso permite que o indivíduo reconheça sua origem divina e retorne ao Pleroma (a Plenitude de Deus).

Um Olhar sobre o Início do Evangelho da Verdade (Fragmento):

O texto inicia com uma proclamação poderosa sobre a natureza do evangelho e a condição humana:

“O evangelho da verdade é alegria para aqueles que receberam do Pai da verdade a graça de conhecê-lo, através do poder do Verbo (Logos) que veio do Pleroma – aquele que está no pensamento e na mente do Pai, aquele que é chamado o Salvador, pois esse é o nome da obra que ele deve realizar para a redenção daqueles que eram ignorantes do Pai, enquanto o nome ‘evangelho’ é a proclamação da esperança, sendo uma descoberta para aqueles que o procuram.”

O fragmento continua descrevendo como a ignorância do Pai gerou angústia e terror, levando ao surgimento do Erro (Planē), que modelou uma criação ilusória. A Verdade, contudo, é imutável. O conhecimento (Gnosis) aparece para destruir o esquecimento.

“Este é o evangelho Daquele que é buscado, que se revelou aos perfeitos através das misericórdias do Pai, o mistério oculto, Jesus, o Cristo. Através dele, ele iluminou aqueles que estavam na escuridão por causa do esquecimento… e o caminho é a Verdade que ele lhes ensinou.”

O texto reinterpreta a crucificação simbolicamente: Jesus, pregado na árvore, torna-se “fruto do conhecimento do Pai”. Aqueles que “comem” deste fruto (recebem a Gnosis) encontram a si mesmos e o Pai.

Importância do Evangelho da Verdade para o Estudo do Gnosticismo:

O Evangelho da Verdade é um documento inestimável para:

Compreender o sofisticado sistema teológico de Valentim e do gnosticismo valentiniano.

Analisar a diversidade do cristianismo primitivo e suas múltiplas interpretações dos ensinamentos de Jesus.

Estudar o conceito de Gnosis e sua centralidade em certas tradições cristãs antigas.

Embora não exista um “Evangelho de Valentim” com esse título explícito, o Evangelho da Verdade de Nag Hammadi nos oferece a janela mais clara para o pensamento do influente teólogo gnóstico Valentim. Sua abordagem não narrativa, sua linguagem poética e seu foco na gnose salvífica o tornam uma peça fundamental para entender o gnosticismo e a rica tapeçaria do cristianismo primitivo. Trata-se, portanto, de um texto que convida à reflexão profunda sobre a natureza da verdade, do conhecimento e da busca espiritual.

Evangelho de Filipe: Segredos Gnósticos, Maria Madalena e a Câmara Nupcial [Nag Hammadi]

O Evangelho de Filipe é um texto gnóstico apócrifo de Nag Hammadi. Nele, podemos ver seus ditos enigmáticos e a ênfase nos sacramentos gnósticos, como a Câmara Nupcial, o papel proeminente de Maria Madalena e a busca pelo conhecimento. Representa, assim, uma visão alternativa e profunda sobre o cristianismo primitivo valentiniano.

O Que é o Evangelho Apócrifo de Filipe? Um Olhar Detalhado

O Evangelho de Filipe é um dos mais conhecidos e intrigantes textos gnósticos descobertos na biblioteca de Nag Hammadi, no Egito, em 1945. Assim como outros escritos gnósticos, como o Evangelho da Verdade (frequentemente associado a Valentim), ele não é um evangelho narrativo que relata a vida de Jesus em ordem cronológica.

Em vez disso, o Evangelho de Filipe é uma coleção de ditos (logia), reflexões teológicas, aforismos e interpretações simbólicas. Muitos desses ensinamentos focam nos sacramentos (ou “mistérios”) gnósticos, com destaque especial para o “mistério da Câmara Nupcial”. Acredita-se que seja um texto valentiniano, datado provavelmente da segunda metade do século II ou do século III d.C.

Características Principais do Evangelho Apócrifo de Filipe:

Este evangelho apócrifo possui características distintivas que o tornam uma peça fundamental para entender o gnosticismo:

Natureza Fragmentária e Aforística:

É composto por cerca de 127 ditos ou passagens curtas, muitas vezes enigmáticas e sem uma conexão linear óbvia entre si, convidando assim à reflexão profunda.

Ênfase nos Sacramentos Gnósticos:

Este texto discute cinco principais “mistérios” ou sacramentos:

Batismo, Crisma (Unção), Eucaristia, Redenção (Apolytrosis), Câmara Nupcial (Nymphon).

Câmara Nupcial (Nymphon): Este é o mais distintivo e considerado o mais elevado, representando a união sagrada e mística do indivíduo com seu complemento divino ou com o Pleroma (a Plenitude de Deus).

O Papel de Maria Madalena:

Maria Madalena é retratada como uma discípula proeminente e íntima de Jesus.

O texto sugere que Jesus a amava de forma especial, o que gerava ciúmes nos outros discípulos. A famosa passagem sobre Jesus beijando-a frequentemente (Dito 63b-64a) está neste evangelho, destacando sua importância.

Dualismo e Gnosis (Conhecimento Salvífico):

Este evangelho reflete o pensamento gnóstico com sua distinção entre o mundo material (visto como ilusório) e o reino espiritual da luz.

Interpretação Simbólica Profunda
Linguagem Paradoxal e Enigmática:

Frequentemente, utiliza paradoxos e jogos de palavras para provocar a reflexão e transcender o pensamento literal.

Trechos Chave do Evangelho de Filipe (Ilustrando sua Originalidade):

Para entender a profundidade deste texto, alguns ditos são particularmente reveladores:

Sobre Maria Madalena e Jesus:

(Dito 55): “Havia três que sempre caminhavam com o Senhor: Maria, sua mãe, e a irmã dela, e Madalena, aquela que era chamada sua companheira…”

(Ditos 63b-64a): “A companheira do [Salvador é] Maria Madalena. [Mas Cristo amava-] a mais do que a [todos] os discípulos [e costumava] beijá-la [frequentemente]… Os restantes [discípulos]… disseram-lhe: ‘Por que a amas mais do que a todos nós?’ O Salvador respondeu e disse-lhes: ‘Por que não vos amo como a ela?'”

Sobre a Câmara Nupcial e os Sacramentos:

(Dito 68): “O Senhor [fez] tudo num mistério: um batismo e uma unção (crisma) e uma eucaristia e uma redenção e uma câmara nupcial.”

Sobre a Natureza da Verdade e Nomes:

(Dito 10): “Os nomes dados às coisas do mundo são muito enganosos, pois desviam nossos pensamentos do que é real para o que não é real…”

(Dito 53): “A verdade não veio ao mundo nua, mas sim veio em tipos e imagens. O mundo não a receberá de outra forma.”

Interpretando o Evangelho de Filipe:

Ao estudar este texto, é importante notar:

A ausência de uma narrativa cronológica da vida de Jesus, típica dos evangelhos canônicos.

A forte ênfase em rituais secretos e conhecimento esotérico (Gnosis).

A elevação de figuras como Maria Madalena a um status de grande importância espiritual.

A reinterpretação de conceitos bíblicos (criação, pecado, salvação) através de uma lente gnóstica.

Uma Janela para o Cristianismo Gnóstico Primitivo

O Evangelho de Filipe é uma janela fascinante para uma forma de cristianismo primitivo, especificamente o gnosticismo valentiniano, que floresceu nos primeiros séculos, mas que eventualmente foi considerada herética pela corrente principal da Igreja.

Ele oferece, portanto, uma visão radicalmente diferente sobre Jesus, seus ensinamentos (especialmente os sacramentos como a Câmara Nupcial), o papel de Maria Madalena, e o caminho para a salvação através da Gnosis. Trata-se, sem dúvida, de um documento essencial para quem busca compreender a diversidade do pensamento cristão inicial.

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Evangelhos Gnósticos: A Profunda Conexão com a Gnosis

O que é Gnosticismo? Uma Introdução ao Conhecimento Direto (Gnosis)

Gnosticismo: É, fundamentalmente, um processo religioso muito íntimo, natural e profundo.
De acordo com os ensinamentos do Mestre Samael Aun Weor, o Gnosticismo é, essencialmente, Gnosis: um conhecimento direto, vivido e transcendental da divindade e dos mistérios universais. Não se trata, portanto, de uma teoria intelectual ou de um sistema de crenças a ser aceito passivamente, mas sim de uma sabedoria perene e universal, uma sabedoria da consciência que conduz à Autorrealização Íntima do Ser.

Para o Mestre Samael, o Gnosticismo é a doutrina da síntese, sendo a raiz de todas as religiões e escolas de mistérios autênticas. Ele ensina que cada ser humano carrega dentro de si a semente divina, o Ser, e que o propósito da existência é o Despertar da Consciência para, assim, alcançar a união com essa realidade interior.

Este conhecimento direto é alcançado através de um trabalho prático e revolucionário sobre si mesmo, o qual é sintetizado nos Três Fatores da Revolução da Consciência:

Os Tres Fatores da Revolução da Consciência

Morrer (Morte Psicológica): A eliminação radical dos nossos “agregados psicológicos” ou “eus” (defeitos, vícios, paixões, medos, etc.), que constituem o Ego e nos mantêm na inconsciência e no sofrimento.

Nascer (Nascimento Alquímico): A transmutação inteligente da energia criadora sexual (o Arcano AZF), através da qual se criam os corpos existenciais superiores do Ser, permitindo assim o “Segundo Nascimento”.

Sacrifício pela Humanidade: O amor consciente e o serviço desinteressado aos nossos semelhantes, compartilhando a luz do conhecimento gnóstico sem esperar recompensa.

Assim, o Gnosticismo Samaeliano é um caminho prático, uma “ciência do Ser”, que visa a transformação radical do indivíduo. Trata-se de um processo religioso profundamente íntimo, natural e profundo, onde a experiência direta e a comprovação pessoal das verdades espirituais substituem a mera crença. O objetivo final é, portanto, a libertação total, a fusão com o Divino, o retorno consciente à Unidade.

Como os Evangelhos Gnósticos Apócrifos Refletem essa Busca?

Segundo os ensinamentos do Mestre Samael Aun Weor, os Evangelhos Gnósticos Apócrifos, tais como o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Maria Madalena ou o Pistis Sophia, são testemunhos preciosos da Gnosis primordial, a sabedoria esotérica que foi velada ou marginalizada.

Eles refletem, de fato, a busca contemporânea pelo autoconhecimento de maneiras profundas:

Primeiramente, muitos desses textos, em consonância com o ensinamento gnóstico samaeliano, colocam a ênfase não na fé cega em um salvador externo, mas sim no despertar da divindade interior.

Frases como “O Reino de Deus está dentro de vós” (presente tanto em Lucas quanto ecoada no Evangelho de Tomé) são interpretadas pelo Mestre Samael como um chamado direto à auto-observação e ao descobrimento do Ser, o Íntimo, da Chispa Divina que reside em cada indivíduo.

Alguns Apontamentos:

O Cristo Íntimo: Nos ensinamentos do Mestre Samael, Cristo é uma força cósmica e universal que pode encarnar naquele que se prepara. Os Evangelhos Gnósticos, com suas narrativas que frequentemente apresentam um Jesus ensinando segredos da salvação aos seus discípulos mais próximos, são vistos como manuais para o despertar desse Cristo Íntimo dentro daqueles que o estão buscando, não fora, mas sim dentro de si mesmo. Eles revelam, portanto, a necessidade de um trabalho interior para que essa força Crística se manifeste.

A Gnosis como Experiência Direta: A busca atual por autoconhecimento se distancia de dogmas e, em vez disso, busca experiências transformadoras. Os Evangelhos Gnósticos, na perspectiva samaeliana, não são apenas textos teológicos, mas também convites à Gnosis – o conhecimento direto, experimentado e intuitivo da verdade que está dentro de cada um. Eles sugerem, ademais, práticas e entendimentos que levam à iluminação, ecoando assim a sede moderna por uma espiritualidade vivencial, não apenas teórica.

Eliminação do Ego como Caminho: A Gnosis é eminentemente prática e visa a morte do Ego (os defeitos psicológicos) como condição para o despertar da Consciência e a união com o Ser.
Os ensinamentos secretos de Jesus nos textos apócrifos, que falam sobre transcender o mundo material e as paixões, são interpretados como alegorias desse trabalho de morte psicológica.

Portanto, para a Gnosis, os Evangelhos Gnósticos Apócrifos são faróis para a humanidade contemporânea, especialmente para aquelas pessoas buscadoras de autoconhecimento.

Eles contêm, de fato, as chaves para a Autorrealização Íntima do Ser, apontando para a necessidade de um trabalho interior consciente, a descoberta da divindade latente em cada um e a vivência direta dos mistérios – algo que ressoa profundamente com a busca espiritual do homem e da mulher de hoje.

A Visão Gnóstica sobre Jesus, o Mundo e a Salvação nos Apócrifos

Na visão gnóstica, expressa em muitos dos evangelhos apócrifos, a compreensão de Jesus, do mundo e da salvação difere radicalmente da ortodoxia tradicional. Consequentemente, oferece uma perspectiva focada no conhecimento (Gnosis) como via de libertação.

Jesus, o Revelador do Conhecimento Gnóstico:

Para os gnósticos, Jesus não é, primariamente, um salvador que expia pecados através de seu sacrifício físico, mas sim um mensageiro divino, um Iluminado. Sua missão principal é despertar a humanidade da ignorância, transmitindo para isso a Gnosis – um conhecimento secreto e libertador sobre a verdadeira natureza de Deus, do cosmos, da humanidade e do caminho de retorno à origem divina, a “Casa do Pai”.

A Salvação como Libertação através da Gnosis:


A salvação, para os gnósticos, é a libertação da ignorância e do aprisionamento no mundo material. Isso não se alcança, primordialmente, pela fé em dogmas ou pela realização de rituais externos, mas sim pela Gnosis: o conhecimento intuitivo, direto e experiencial da verdade.

Ao receber e compreender os ensinamentos revelados por Jesus (ou outros mensageiros divinos), o indivíduo desperta para sua verdadeira identidade como um ser espiritual. Além disso, reconhece a natureza ilusória do mundo demiúrgico e aprende o caminho para transcender a ilusão do material e retornar ao Pleroma – a Plenitude, o reino da luz do Deus verdadeiro.

A salvação é, portanto, um processo de autoconhecimento, despertar da consciência e ascensão espiritual, sendo possibilitada pela revelação divina e pelo esforço interior do gnóstico.

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Qual o Valor dos Evangelhos Apócrifos Hoje?

Do ponto de vista histórico, os Evangelhos Apócrifos, embora não incluídos no cânon bíblico da maioria das tradições cristãs, possuem um valor inestimável.

Importância Histórica: Janelas para a Diversidade do Cristianismo Primitivo

A importância histórica dos evangelhos apócrifos é imensa, pois atuam como janelas cruciais para a extraordinária diversidade do cristianismo primitivo.

Longe de apresentar um movimento monolítico desde o seu início, esses textos revelam um vibrante mosaico de crenças, interpretações distintas sobre Jesus e práticas espirituais variadas que coexistiram e, inclusive, floresceram nos primeiros séculos.

Eles demonstram que diferentes comunidades cristãs exploraram múltiplos caminhos para compreender a figura de Cristo e sua mensagem. Consequentemente, desafiam a noção de uma única “ortodoxia” inicial e enriquecem nosso entendimento da complexidade e da riqueza das origens cristãs.

Contribuições para o Estudo da Teologia e da Religião Comparada

Os evangelhos apócrifos oferecem contribuições significativas tanto para o estudo da teologia cristã quanto para a religião comparada.
Teologicamente, eles expõem a vasta gama de cristologias (compreensões sobre Cristo), soteriologias (doutrinas da salvação) e cosmologias que circulavam no cristianismo primitivo.

Ao apresentar visões alternativas sobre a divindade, a humanidade de Jesus, o significado de seus ensinamentos e o caminho para a libertação (frequentemente através da Gnosis ou conhecimento secreto, em vez da fé ou obras como enfatizado nos canônicos), eles desafiam e enriquecem a compreensão do desenvolvimento doutrinário. Além disso, revelam como a “ortodoxia” foi, em parte, definida em diálogo e oposição a essas outras correntes.

Para a Religião Comparada, os Evangelhos Apócrifos são um campo fértil. Eles ilustram, vividamente, o sincretismo religioso da antiguidade tardia, mostrando como as primeiras ideias cristãs interagiram e se fundiram com filosofias helenísticas (como o platonismo e o estoicismo), religiões de mistério e tradições espirituais orientais.

Conceitos como a centelha divina aprisionada na matéria, a ignorância como causa do sofrimento e a salvação através do conhecimento iluminador encontram paralelos em diversas tradições místicas e filosóficas globais. Isso permite que o cristianismo primitivo seja visto não isoladamente, mas sim como parte de um dinâmico diálogo intercultural e inter-religioso.

Inspiração Espiritual e Filosófica para Além do Dogma?

Para muitos leitores contemporâneos, os evangelhos apócrifos oferecem uma rica fonte de inspiração espiritual e filosófica que transcende as fronteiras do dogma estabelecido.

Ao valorizarem a Gnosis (conhecimento direto e experiencial), a busca pela centelha divina interior e a interpretação simbólica dos ensinamentos, esses textos convidam a uma jornada pessoal de autoconhecimento e exploração espiritual.

Eles podem ressoar profundamente com aqueles que buscam um significado pessoal e uma conexão espiritual que não se restrinja a fórmulas pré-definidas. Além disso, fomentam um questionamento filosófico sobre a natureza da realidade e do divino, oferecendo, assim, caminhos alternativos para a compreensão do sagrado e da experiência humana.

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