O Navio Alquímico da Catedral Gótica – Parte I

O Navio Alquímico da Catedral Gótica – Parte I

O Navio Alquímico da Catedral Gótica

No plano das catedrais góticas, o vasto espaço existente entre o portão principal e o coro chama-se “Nef” (Nave). Esta palavra, “Nef”, foi utilizada na Idade Média para designar um grande veleiro. Isso nos indica que os santuários góticos são  comparados, por seus construtores, a navios capazes de navegar…

A monumental abóboda de pedra que recobre a nave da Catedral Gótica tem a forma do casco de um barco, mas invertido…, tem um grande significado. Por sua magnitude e por sua majestosidade, este de casco de barco nos aponta o céu… evocando-nos águas celestiais, as quais, por serem celestiais, são ainda mais misteriosas…; águas que dão a vida, águas milagrosas, águas da eterna juventude, segundo afirmam e confirmam muitos textos sagrados provenientes de todos os horizontes…

É muito interessante constatar que no escudo de Paris está representado um veleiro (Nef) deslizando sobre as águas. Nesse escudo aparece também a seguinte frase, escrita em latim: “Fluetuat, nec mergitur”, isto é, “Flutua, jamais se afunde”. Dito escudo faz clara referência a um misterioso navio insubmergível, capaz de levar a bom porto a seus ocupantes, seja qual for o estado do oceano: furacões, terríveis tempestades, espantosas ondas… ou a desesperante imobilidade dos elementos…

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Qual fino e altivo veleiro poderia orgulhar-se de ser absolutamente insubmergível? Em algumas representações antigas do escudo de Paris, como figura de proa do veleiro aparece uma mulher. Isto é muito significativo e vale a pena analisar… Fazendo referência a isto, num livro de Sabedoria Gnóstica, podemos ler o seguinte: “Os navegantes da Sabedoria deslizam-se pelas águas na Barca de Rá; eu os guio nas noites terríveis. Sou Stella Maris, a Virgem do Mar, Ísis, a quem nenhum mortal levantou o véu.”

 

A Arca de Noé é uma nave obviamente insubmergível, já que sobreviveu ao dilúvio universal… Os Argonautas, embarcados num barco chamado Argo (o rápido), enfrentam riscos e perigos em busca da conquista do Velocino de Ouro, guardado por um dragão…  Agora, bem vale a pena transcrever as seguintes palavras do Sábio Gnóstico contemporâneo Samael Aun Weor, as quais nos aportam uma aclaração prática, convincente e definitiva sobre esses mistério e símbolos. “A matéria prima da Grande Obra é o sêmen cristônico. O sêmen é água pura de vida, é a água de tudo o que existe, é água do Gênese. Uma planta sem água seca e morre. A água das plantas é o sêmen vegetal e este se transforma em folhas, flores e frutos. As combinações da substância infinita são maravilhosas.”

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“O mar é o sêmen do planeta Terra. Tudo sai do mar, tudo volta ao mar. Nós temos o mar em nossas glândulas sexuais. Em nossas águas seminais se encerra o mistério da vida. Os continentes sairam do mar e voltarão ao mar. Nós saímos do sêmen espermático do primeiro instante. Os animais de toda espécie levam o segredo de sua existência em suas águas seminais. Os homens só veem as grosseiras partículas de matéria física que formam a superfície material das águas púras de vida.”

“Nós conhecemos no Éden das águas do mar da vida. No Éden vemos essas águas do Gênese resplandecendo de glória. “

 

“Nos recintos sagrados dos templos nunca falta jamais um vaso sagrado cheio de água pura de vida. Esse é o lábaro do templo. O que bebe dessa água de vida eterna nunca jamais terá sede, e os rios de água pura manarão de seu ventre.”

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“A Grande Obra” é um termo utilizado na literatura alquimista para designar o arquétipo da perfeição humana , cruz do humano e do divino, que dá nascimento ao homem divinizado, ou deus humanizado… Depois de haver lido essas linhas compreendemos  melhor todo o simbolismo relacionado com a água ou as águas, simbolismo que surge inevitavelmente, com insistência e permanência assombrosas, nas diferentes tradições míticas, mitológicas, religiosas, mágicas etc… dos cinco continentes… Estas descem do Céu, sobem da Terra, são puras e cristalinas, estão sujas e negras, águas de Vida, águas de Morte, águas cobrindo o abismo, águas celestiais, águas abimais…

 

(Tradução de artigo escrito por Antoine Demangeon, Instrutor       Gnóstico da França)

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