A Filosofia e a Coragem para Seguir o Ser

A Filosofia e a Coragem para Seguir o Ser

 

“Ser ou não ser? Eis a questão”. A filosofia universal nos deixou como herança esta profunda e sintética questão existencial. Seja lá como a entendamos, esta questão sem dúvida nos leva a refletir sobre nós mesmos. Porém, esta questão não cumpre seu objetivo se feita em abstrato. Ou seja, em um mundo isolado de conjecturas e hipóteses intelectuais. Pois só surte o seu efeito objetivo quando aprendemos a nos colocar em atitude reflexiva diante de cada um dos dilemas e dos problemas de nossa vida.

‘Devo suportar uma injustiça calado ou derramar sangue em nome da honra’?

‘Sigo enredando-me em mentiras por medo do que dirão, ou assumo a verdade e arco com as consequências’?

‘Inicio já uma relação com esta pessoa, ou me resguardo e contenho a paixão, a fim de melhor conhecê-la’?

‘Sigo levando minha vida como de costume, em nome da minha segurança, ou ouso mudar em busca de felicidade’?

Acaso já lhe ocorreu alguma pergunta deste tipo em sua vida? Mais do que questões de caráter acadêmico ou cultural-intelectual, as questões averiguadas pela filosofia do ser estão relacionadas com os problemas éticos de nossa vida diária e com o modo como vivemos.

A Filosofia e a ‘Razão de Ser’ do Saber

A Filosofia e a Razão de Ser do Saber

Ser? Não ser? Você já se deteve a refletir sobre o sentido destas questões?

As folhas da história da Humanidade registram o esforço monumental de distintos pensadores em dar-lhes uma resposta satisfatória. E o resultado? Tomos e tomos de sabedoria, que foram compilados, confirmados e contestados no mesmo processo dialético do homem em busca do autoconhecimento. Neste sentido, muitos de nós creem que, a partir da acumulação de todo este conhecimento, se poderia extrair a sabedoria do Ser. Porém, é muito comum que adentrando o labirinto do Saber a pessoa se esqueça do próprio Ser.

A Presunção do Saber

O desequilíbrio entre o Ser e o Saber pode produzir o perfil do sabichão ou sábio presumido: aquele que toma o seu próprio saber como medida da verdade.  Por consequência, fala sobre o que não lhe compete falar e já não é capaz de ouvir os demais.  Além disso, já não sabe mais como se relacionar com seus semelhantes. Inveja muito os mais talentosos, e olha aos demais por cima, como se fossem todos medíocres. Internamente, menospreza os ignorantes, e hostiliza aqueles que não compartilham de suas crenças. Por fim, pode chegar a fazer intrigas e fofocas por disputas de saber. Talvez, chegasse a ler estas linhas, porém sem lhe ocorrer que estas palavras se aplicam de uma maneira ou de outra a si mesmo. Ou, então, impelido  a se examinar, advogaria prontamente em seu favor, apresentando uma elaborada defesa.

Parece razoável que alguém se sinta mais sábio que os demais, mas viva em conflito com estes e seja infeliz ? A ironia socrática nos dá a melhor resposta: esta Pessoa não apenas não sabe, mas nem sequer sabe que não sabe.

Qual a Razão de Ser do Saber?

Qual a Razão de Ser do Saber

Ao longo da vida, acumulamos muito Saber. Neste processo, talvez tenhamos logrado informações úteis, formação cultural,  um meio de ganhar a vida, entretenimento, entusiasmos juvenis, momentos amenos e delicados de reflexão e introspecção, etc. Porém, e agora, como fica a questão de nossa realização íntima, ponderando o resultado da memorização de tanto saber? Será que depositamos ainda esperança no acúmulo de mais conhecimento? Precisamos de mais saber para solucionar os atuais impasses de nossa vida e sentir segurança em nós mesmos?

O que define quem somos ? Em íntima recordação de quem verdadeiramente somos, de que nos servem a menção de títulos de distinção e graus superiores de formação escolar? De que nos servem tanta autoridade intelectual, excelência curricular, formalidade discursiva, complicação terminológica, discursos longos e elaborados, referências bibliográficas, etc.? Logramos ser pessoas melhores? Sentimos mais paz? Somos capazes de mais empatia? Somos felizes?

De quanta informação você precisa?

Há que cuidar para que a busca pelo Saber não anule os sentimentos do Ser.

A Filosofia e a Coragem para Seguir o Ser

A filosofia e a coragem de seguir o ser

Afinal, o que define a questão íntima do Ser e do Não Ser?

À luz da Gnosis, esta questão não merece ser abordada de um ponto de vista exclusivamente intelectual. Ora, a busca pelo Ser é uma questão vital e essencialmente prática, e não pode ser reduzida a uma discussão intelectual, por mais séria e sublime que esta seja.  Isto porque o Ser se define de instante a instante no curso diário de nossa vida. Como? Através do que façamos ou deixemos de fazer diante dos eventos que a vida nos apresenta.

A filosofia consiste em elevar estados de ânimo para enfrentar as adversidades da vida.” – V. M. Lakhsmi.

Assim, os eventos diários, através da convivência com nossos semelhantes e todos seus detalhes, testam o quão autêntico e verídico resulta nosso caráter, nosso valor íntimo. Ou seja, desafiam-nos a provar nosso valor. Como? Revelando-nos, através do modo como reacionamos, nossas debilidades e o que há de falso em nós mesmos. Deste modo, torna-se possível, mediante o trabalho psicológico sobre nós mesmos, eliminar nossa própria ignorância e aquilo que nos faz débeis.

A Filosofia Além do Intelecto

A filosofia do ser é prática e muito exigente. Pois, muito além das palavras e das boas intenções, o Ser exige ações e tomadas de atitudes para se dar a conhecer. Em todo caso, temos de ser sinceros conosco mesmos, e vigilantes de nossos próprios pensamentos. Caso contrário, o subconsciente elabora sofismas e falácias que nos fascinam. Estas ciladas intelectuais, que certamente podem ser extraordinárias em sua forma, nos levam a crer que já somos sábios ou pessoas perfeitas.

Deste modo, de quê nos serve falar em amor, se no íntimo secreto de nossos corações não toleramos os erros e as diferenças daqueles com quem convivemos?  Ou sentir-nos boas pessoas, sem que façamos o esforço diário para corrigir nossos defeitos?

Ainda neste sentido, resulta desonesto reverenciar ao Deus interior, se não meditamos diariamente para integrar-nos com Ele. Ou discursar sobre autoconhecimento, sem termos realizado uma descoberta sequer sobre nós mesmos nos últimos dias. Ou ainda falar das maravilhas do ocultismo prático sem consagrar sua vida à prática diária, e tendo por base de suas afirmações apenas as fantasias evocadas pela leitura de livros não levados à prática, ou experiências subjetivas não revisadas desde um ponto de vista científico.

Não lhe parece uma falácia que alguém se sinta  dono de si mesmo, tendo de apelar a tantas distrações e prazeres sensuais para suportar os momentos de solidão pelos quais passa?

Em síntese, nestas questões filosóficas o Ser se define naquilo que fazemos, e não naquilo que somos capazes de pensar ou afirmar com  base em ideais e teorias. A filosofia do ser nos exige pensar menos e agir mais. Recordemos que a Gnosis nos ensina que ‘a forma mais elevada de pensar é não pensar‘.

O Autoexame da Consciência

Em nossa consciência está a Lei. No silêncio da mente, escutamos a voz o Juízo Interior. Em estado de silêncio interior ou reflexão serena, sentimos este juízo interno indicando o caminho que convém seguir. Isto é, intuímos precisamente o que nos corresponde fazer em alguma situação concreta da vida para definir-nos na questão filosófica do Ser ou Não Ser. Porém, para isto, precisamos estar abertos a reconhecer nossa própria ignorância. Assim como estar cheios da disposição de deparar-nos com as próprias debilidades, nossa própria feiura.

“Haveis pensado sobre o que mais o agrada ou desagrada? Haveis refletido sobre sobre os mecanismos secretos da ação?  Por que quereis ter uma bela casa?  Por que desejais ter um carro último modelo? Por que quereis estar sempre na última moda ? Por que cobiçais não ser cobiçoso? O que mais vos ofendeu em um dado momento? O que mais vos lisonjeou ontem? Por que vos sentistes superior a fulano ou fulano, em determinado instante?  (…) Não pudestes calar quando murmuravam de outra pessoa conhecida? Recebestes o copo de bebida por cortesia? Aceitastes fumar talvez não tendo o vício, possivelmente pelo conceito de educação ou dignidade?  Estais seguro de ter sido sincero naquela conversa? E quando justificais a vós mesmos, e quando contais vossos triunfos e os relatai repetindo aos demais o que dissestes antes, compreendeis que sois vaidoso?” – Samael Aun Weor,

A Filosofia e o Sentido Vocacional

Cada pessoa é única. Por isto, o caminho de cada um é individual e sem igual. A razão de ser de alguém pode diferir completamente da razão de ser de outrem. Ou seja, nada impõe a necessidade de que sigamos o caminho dos demais para encontrar o próprio Ser.

Isto porque cada um de nós possui uma vocação íntima. Em outras palavras, uma missão pessoal, em nome da qual podemos arriscar nossa sorte pessoal com heroísmo. Ou, de outro modo, podemos optar por seguir uma vida comum, programada e segura como muitos de nós se resignam em seguir.

Qual é o seu chamado íntimo? Música? Arte? Filosofia? A arte régia da Medicina? Costurar? Fabricar pães? Isto pode mudar para cada um, porém a fonte pura deste chamado encontramos apenas em nossa própria essência. Logo, esta missão pessoal é indissociável do autoconhecimento, e, por isso, nos indica os meios mais naturais que podem nos levar a um estado plausível e positivo de felicidade.

Qual a razão que temos para Ser? Ora, o Ser não nos pede razão. Sua razão de ser é o próprio Ser. E se a pessoa torna-se devota ao próprio Ser, encontra o sentido de sua vida. Então, sente este Amor que a preenche e a guia por um caminho vocacional, o qual pode exigir de si muitas renúncias, mas que a levará, se for fiel até o fim, a sua Realização Íntima.

 

Uma Questão de Vida ou Morte

A filosofia e a coragem de seguir o ser

Qual o preço a se pagar pelo Ser?

“Uma vida não examinada não merece ser vivida”, postulou Sócrates, que foi condenado a tragar uma taça mortal de veneno em nome da mesma Sabedoria à qual consagrou sua vida. Recordemos que a Filosofia do Ser nos pede tudo, para nos dar tudo.

Talvez, o preço a se pagar pelo Ser seja a própria vida. Estaremos dispostos a pagar o valor que custe?

Inscreva-se  no Curso de Gnosis (versões online e presencial), e conheça uma autêntica Escola de Filosofia! Investigue conosco os mistérios da vida e as questões fundamentais do Ser!

Gianluca R. Focchesatto

 

5 comentários em “A Filosofia e a Coragem para Seguir o Ser”

  1. Flora celina Siqueira da Fontoura

    Parabéns! esse conteúdo nos faz refletir e ter a certeza,de que não estamos fazendo os esforços necessários para uma revolução inteterna…Me tocou profundamente…tenho muito a fazer pela minha essência.Obrigada por esse alerta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima